Alternativa da volta das coligações camufladas na eleição proporcional em 2022, em razão da proibição formal das alianças, as federações partidárias estão na mesa de negociações. Trata-se de um escape para salvar o mandato de muitos deputados federais e estaduais que se encontram filiados a partidos com dificuldades de formar uma chapa competitiva.

O Diretório Nacional do PT deu autorização formal para sua Executiva discutir uma federação partidária com PSB, PC do B, Psol e PV. O resultado não garante que a federação será consumada. Pode não haver acordo com as demais legendas, por exemplo. Caso os dirigentes petistas e das demais siglas interessadas se acertem, os termos precisarão ser analisados novamente pelo Diretório Nacional para que o PT efetivamente integre a aliança. Processo semelhante se dará nos outros eventuais federados.

As federações foram instituídas neste ano. Essas entidades servem para os partidos integrantes unirem seus desempenhos para eleger deputados e vereadores e superar a cláusula que regula acesso ao Fundo Partidário. Também unificam a atuação das legendas em instâncias como a Câmara dos Deputados. Além disso, uma federação pode ter apenas um candidato por vaga a cargo majoritário.

Ou seja: só um postulante a presidente para todos os partidos aliados, assim como apenas um candidato a governador por Estado. Ainda há resistência no PT em relação a se federar. Uma parte da sigla avalia que, com a aliança, a associação com Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que concorrerá ao Planalto, elegeria muitos deputados de outras legendas. O atrelamento é nacional e dura no mínimo 4 anos.

O blog apurou que mesmo nos grupos resistentes houve votos a favor da resolução. Assim, seria possível ao menos ganhar tempo para avaliar a conjuntura enquanto as conversas se desenlaçam. O Tribunal Superior Eleitoral, na regulamentação, decidiu que é necessário registrar o estatuto da federação até 1º de março para que a entidade a ser formada dispute as eleições de 2022.

Os principais apoiadores de uma federação dentro do PT são figuras importantes da legenda. Por exemplo: a presidente, Gleisi Hoffmann, e o secretário-geral, Paulo Teixeira. Ambos são muito próximos de Lula. A prioridade do PT é a candidatura do ex-presidente. No fim, decidirá se federar ou não dependendo da avaliação que fizer sobre o efeito que isso teria na disputa pelo Palácio do Planalto.

Pragmatismo eleitoral – Ainda em relação às federações, o PT divulgou a seguinte nota: “O Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores: Resolve iniciar conversações sobre Federação Partidária com PSB, PC do B, PSOL e PV, cabendo à Comissão Executiva Nacional do Partido conduzir este processo de diálogo para posterior decisão do DN, sobre eventual participação, a partir de um debate programático, esgotando o debate interno a partir da escuta às direções estaduais, municipais, observando os prazos definidos pela Justiça Eleitoral”.

Dinheirama do fundo – O novo dispositivo das federações não permite que as siglas integrantes tenham estruturas separadas de liderança no Legislativo, por exemplo. Mas possibilita que a burocracia partidária seja mantida com recursos do Fundo Partidário que seriam negados para algumas das legendas. PT e PSB não correm esse risco, mas PSol, PC do B e PV estão ameaçados pela cláusula de desempenho. Dificilmente atingiriam sozinhos o mínimo de votos em 2022 (2% dos votos para deputado federal). Com uma federação, podem manter acesso a esse dinheiro.