Por Carlos Newton

A famosa e esperada janela partidária enfim está sendo aberta, dando por iniciada oficialmente a temporada eleitoral. Começa nesta quinta-feira pós-cinzas e vai até 1º de abril, que é internacionalmente o Dia da Mentira. Nesse espaço, os políticos eleitos podem mudar de partido livremente, trocar da direita para esquerda e vice-versa, com direito a estágio no Centrão e tudo o mais, que maravilha viver, diria Vinicius de Moraes.

Depois do Dia da Mentira, por mera coincidência, na política brasileira começa a hora da verdade e as negociações para a eleição presidencial tâm de ser aceleradas, em função dos prazos eleitorais.

PRAZOS FATAIS – Embora a legislação determine o dia 5 de agosto como prazo final para registrar federações de partidos, o Supremo decidiu transitar fora da lei e encurtou o prazo para 31 de maio. Motivo: ia dar trabalho extra ao Tribunal Superior Eleitoral, que tem apenas 3 mil empregados, entre servidores e terceirizados, vejam a que ponto de esculhambação jurídica este país chegou.

Os partidos têm de realizar convenções entre 20 de julho e 5 de agosto. E as candidaturas à Presidência da República e aos governos de Estado, bem como aos cargos de deputado federal, estadual e distrital, precisam estar registradas até 15 de agosto.

Isso significa que até esta data muitos candidatos à Presidência da República estarão jogando a toalha e se candidatando a outros cargos, como deputado federal ou senador. Aí, sim, será a hora para discutir a terceira via, que tem muita chance de vitória.

TETOS ELEITORAIS – Ao contrário do que se apregoa, as candidaturas da celebrada polarização não estão com essa bola toda, no linguajar do futebol. Aliás, como dizia nosso amigo Francisco Bendl, tenho frouxos de riso quando vejo essas pesquisas dando a Lula da Silva 48% das intenções de voto, faltando pouco para fechar no primeiro turno.

As pesquisas não explicam direito,  mas trata-se de apenas cerca de 60% dos eleitores. Os outros 40% dos votantes estão indecisos ou são aqueles que abominam Lula e Bolsonaro, ainda não escolheram em quem votar.

Na verdade, as candidaturas de Lula e Bolsonaro são como teto de entrada de garagem e têm altura máxima. O eterno e único verdadeiro líder do PT continua a ter apenas aqueles 33% de sempre, que o levam ao segundo turno. E Bolsonaro tem teto ainda menor – no máximo em 25% e dê-se por satisfeito.

TERCEIRA VIA – Isso significa que hoje a terceira via ainda está em gestação. No final de julho, antes do prazo fatal para as candidaturas (5 de agosto), se até lá Simone Tebet (MDB) não tiver conquistado o voto feminino, o que pode até acontecer, só haverá dois candidatos disputando a terceira via – Sérgio Moro (Podemos) e Ciro Gomes (PDT).

Em tradução simultânea, um dos três terá de ser o candidato da terceira via – Simone, Ciro ou Moro. Mas somente um deles pode concorrer e vencer a eleição, porque a terceira via então será favorita, atraindo os votos dos indecisos e dos que não aceitam eleger Lula ou Bolsonaro, de forma alguma, algo em torno dos 33% dos votos válidos.

Quando chegar a hora da verdade, a pressão será tão forte que os três pré-candidatos terão de entrar em acordo, porque, se não o fizerem, estarão elegendo o polarizado que na época tiver menor rejeição – Lula ou Bolsonaro.