Os deputados Zeca Dirceu (PT-SP) e José Guimarães (PT-PR) disseram que vão apoiar o convite para o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, dar “explicações” sobre a política monetária do país. O líder do Psol na Casa, Guilherme Boulos (Psol-SP), está coletando assinaturas para isso.

“Nos anos anteriores, tomaram muitas medidas que levaram o país à fome, à miséria, ao desemprego, a salários achatados, à inflação descontrolada e aos juros nas alturas”, disse Dirceu, na quarta-feira 8. “Isso não é responsabilidade do Bolsonaro ou do Paulo Guedes. O Banco Central tem um papel relevante.”

O presidente Lula tem demonstrado publicamente seu descontentamento com a taxa de juros, com Campos Neto e com a independência do BC. O mandato do chefe da autoridade monetária acaba apenas em 2024. Ou seja, ainda que Lula não goste de Campos Neto, não pode demiti-lo.

Na terça-feira 7, o mercado interpretou a ata do Comitê de Política Monetária, redigida em tom ameno, como um sinal de trégua entre o governo e o BC. No mesmo dia, Lula voltou a atacar Campos Neto e a independência do BC.

Além de Lula, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, estão descontentes com Campos Neto. Durante uma reunião no Palácio do Planalto, ambos disseram que a política do BC “atrapalha o país”. Haddad revelou ainda não gostar da forma como o BC está lidando com o Ministério da Fazenda.