O ex-presidente Michel Temer criticou o movimento feito pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em busca de recompensar Dilma Rousseff (PT) por ter sofrido um processo de impeachment há sete anos. No dia 26 de agosto, o Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) manteve o arquivamento de ação contra a ex-mandatária no caso das chamadas “pedaladas fiscais”, e petistas passaram a pressionar pela apresentação de alguma medida compensatória.

Em entrevista à revista Veja, na última sexta-feira (1º), Temer afirmou que Dilma já teria sido recompensada ao ter sido nomeada presidente do banco dos Brics por Lula no começo do ano. O ex-presidente, que assumiu o posto em 2016 após o impeachment da petista, de quem era vice, disse ver uma “narrativa” de que ela teria sido absolvida.

“Lamento, porque percebo que as pessoas não se aprofundam nos temas. Essa sentença do TRF-1 apenas levou em conta uma decisão do Supremo que determinou que, caso alguém tenha sido responsabilizado politicamente, não há razão para o mesmo fato ser apenado em outro tribunal. Não houve exame de mérito. O que há é uma narrativa de que ela foi absolvida”, falou.

Em seguida, Temer classificou o impeachment como um “golpe de sorte”. “Lamento que o presidente e outros façam uma revisão verbal, que mencionem que ela não praticou tal ato. Isso é para produzir a tese do golpe, que não foi golpe coisa nenhuma. O impeachment, se foi golpe, foi de sorte. Significou várias reformatações que foram feitas no nosso governo. É pregação política na qual o povo não acredita”.

A ex-presidente foi afastada temporariamente do cargo em maio de 2016, quando foi acolhida a possibilidade do impeachment na Câmara, e Temer assumiu a Presidência. Três meses depois, em agosto, a petista acabou condenada no processo e perdeu o cargo em definitivo.

O pedido de destituição, elaborado entre outras pessoas pela agora ex-deputada estadual Janaina Paschoal, alegava que Dilma havia cometido crime de responsabilidade por ter feito “pedaladas fiscais” — instrumento em que se atrasa pagamentos a bancos e autarquias federais como forma de “maquiar” as contas públicas, com uma melhora artificial no quadro geral.

Ainda à revista Veja, o emedebista defendeu as medidas que colocou em prática durante a sua gestão, entre 2016 e 2018, como a Reforma Trabalhista e o programa do novo Ensino Médio. Apesar disso, elogiou a conduta de Fernando Haddad à frente do Ministério da Fazenda atualmente, assim como o projeto do novo arcabouço fiscal, em tramitação no Congresso.

“Desde o início do atual governo, falam em revogar a reforma trabalhista, mas até agora nada foi feito. Pega a reforma do Ensino Médio, a única coisa que falam é em aumentar a carga horária de matemática e português. O teto de gastos, no meu governo, era aplicar a inflação do ano anterior para o novo Orçamento. Agora é inflação mais um percentual da receita líquida. É uma mera adaptação, mas não quer se falar em teto”, pontuou.

Blog do Magno