Via Folha de S.Paulo

Por 37 votos a 30 (e dois em branco), os deputados federais do PMDB elegeram hoje, em votação secreta, Leonardo Picciani (RJ) como líder da bancada, aplicando uma grande derrota ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que patrocinou e se empenhou pessoalmente pelo candidato derrotado, Hugo Motta (PB). O resultado tem pelo menos três efeitos diretos: 1) deve enfraquecer o movimento pró-impeachment de Dilma Rousseff, capitaneado principalmente por Cunha; 2) diminui um pouco a resistência aos projetos de ajuste e aumento de receita que o governo pretende ver aprovados; 3) e tem potencial de reforçar a pressão pelo afastamento do peemedebista da presidência da Câmara, decisão que o Supremo Tribunal Federal deve tomar nas próximas semanas.

Denunciado sob a acusação de integrar o esquema do petrolão, Cunha teve o pedido de afastamento do cargo e do mandato protocolado pela Procuradoria-Geral da República no ano passado. A avaliação de aliados e de adversários era a de que uma vitória era fundamental politicamente como demonstração de que ainda mantém força suficiente na Câmara para derrotar o governo e resistir no cargo. Cunha passou os últimos dias telefonando e conversando pessoalmente com vários peemedebistas pedindo voto para Motta, aliado que presidiu a CPI da Petrobras por indicação sua. A derrota, porém, mostra que o presidente da Câmara perdeu força em seu próprio partido, de quem foi líder de 2013 a 2015. Já o governo, embora tivesse declarado publicamente neutralidade, atuou pela candidatura de Hugo Motta. O lance mais explícito foi a liberação do ministro da Saúde, Marcelo Castro, que deixou o cargo por um dia, mesmo com a epidemia do vírus da zika, para reassumir o mandato e votar em Picciani.

Por Fernanda Calgaro

Parte da bancada do PMDB na Câmara protocolou nesta quarta-feira (9) a indicação do deputado Leonardo Quintão (MG) para ser o novo líder do partido, em substituição ao deputado Leonardo Picciani (RJ), que se isolou de uma ala da sigla ao se aproximar do Palácio do Planalto. A troca é automática, já que todas as assinaturas foram validadas pela Câmara. O documento protocolado tem a assinatura de 35 deputados peemedebistas, o que representa mais da metade da bancada, que possui 66 deputados.

No entanto, aliados de Picciani afirmam que o deputado se articula para coletar assinaturas suficientes para retornar ao cargo. Ele conta com a volta de dois deputados licenciados, que atualmente atuam como secretários estaduais no governo do Rio de Janeiro: Marco Antônio Cabral e Pedro Paulo.Picciani, segundo parlamentares próximos, espera coletar assinaturas suficientes para reverter a situação e formar uma maioria em torno de seu nome, incluindo a dos deputados licenciados e a desistência de parlamentares que assinaram o documento protocolado nesta quarta.

Em entrevista à rádio CBN nesta manhã, antes da nova indicação do partido ser protocolada, Picciani disse que a eleição para a liderança do PMDB está marcada para fevereiro e essa agenda “será cumprida”. “Com relação à liderança do PMDB, nós temos uma agenda, um calendário marcado para a eleiçao da liderança a partir de fevereiro do ano que vem. Esse calendário será cumprido. O PMDB já viveu essa guerra de listas e isso rachou partido em outros tempos. Não acredito que voltaremos a essa realidade”, afirmou Picciani na entrevista.

Segundo o deputado Lúcio Vieira Lima (BA), que liderou a coleta de assinaturas, dois fatos mais recentes contribuíram para o desejo de substituir Picciani. O primeiro, disse, foi não ter consultado os integrantes da bancada para indicar os nomes da comissão especial que analisará o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Picciani indicou nomes considerados mais moderados, o que desagradou a ala dissidente dentro do PMDB favorável ao impedimento da petista. (G1)

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