“Ele tem que provar primeiro. Vai voltar para São Paulo, fazer a prova dia 14, depois ele vai se apresentar para a mídia.
A lista de famosos que deixa a telinha, o palco e o campo para entrar para a política cresceu nestas eleições. O maior destaque nas urnas ficou com o palhaço Tiririca que, com mais de 1,3 milhão de votos, foi o deputado federal mais bem votado do País.
Pelo Twitter, Tiririca deixou recado para seus seguidores (“Como diria o Zagalo, vocês vão ter que me engolir”) e fez piada sobre seu futuro: “Em 2002 Enéas foi o mais votado. Morreu! Em 2006 Clodovil foi o mais votado. Morreu! em 2010 o mais votado fui eu, e agora?”, postou o palhaço.
Em contrapartida, alguns artistas não conseguiram conquistar eleitorado suficiente e vão seguir onde estão. É o caso de dos irmãos músicos do KLB Kiko e Leandro, de Reginaldo Rossi e Vampeta.
Veja no rol abaixo quem vira político e quem não chegou lá:
ELEITOS:
» Tiririca: com slogans de deboches e dizendo não saber qual o papel de um deputado federal, foi o mais bem votado de São Paulo e do País, com 1,3 milhão de votos.
» Romário: foi o 6º deputado federal (PSB-RJ) mais votado do Rio, com 146 mil votos.
» Bebeto: parceiro de Romário na conquista do tetracampeonato da Seleção, teve 28 mil votos como deputado estadual (PDT-RJ).
» Danrlei: ex-goleiro do Grêmio teve a 4ª maior votação para deputado federal no Rio Grande do Sul (PTB-RS), com 173 mil votos.
» Jean Wyllys: o ex-BBB recebeu 13 mil votos e vai para Brasília após eleito deputado federal (PV-RJ).
» Myriam Rios: a atriz agora é deputada estadual (PDT). Recebeu 22,1 mil votos.
» Stepan Nercessian: ex-vereador, o ator vira deputado federal (PPS-RJ) após angariar 84 mil votos .
» Wagner Montes: antigo calouro de Silvio Santos foi o deputado estadual (PPS-RJ) mais votado no Rio: 528 mil.
BARRADOS:
» Reginaldo Rossi: o cantor (PDT-PE) somou quase 15 mil votos, mas não conseguiu se eleger deputado estadual.
» Netinho: ex-vocalista do Negritude Jr. ficou em 3º lugar na disputa pelo Senado (PCdoB-SP), com mais de 7,7 milhões.
» Marcelinho Carioca: jogador teve mais de 62 mil votos para deputado federal (PSB-SP).
» Irmãos KLB: Leandro (estadual) e Kiko (federal) não virarão políticos. Tiveram 62 mil e 38 mil, respectivamente, ambos pelo DEM.
» Vampeta: ex-jogador recebeu 15 mil votos para deputado federal (PTB-SP) e não começa a carreira na política.
Parece que o caso do palhaço e candidato Tiririca ainda vai render muito .O promotor Maurício Antonio Ribeiro Lopes, da 1ª Zona Eleitoral de São Paulo, pediu ontem sábado autorização da Justiça Eleitoral para fazer um teste de escrita e leitura com o candidato a deputado federal Francisco Everardo Oliveira Silva, o palhaço Tiririca (PR).
Para alguns amigos próximos o palhaço não sabe ler e muito menos escrever.“Existe uma suspeita séria de que esse homem é analfabeto. É preciso saber se ele tem condição de ser candidato”, afirmou o promotor.
Lopes quer que Tiririca passe pelo exame na segunda-feira. Se a Justiça determinar, o candidato terá que fazer um ditado e uma leitura de um trecho da Constituição.
A lei eleitoral permite o voto dos analfabetos, mas proíbe a candidatura deles.
A suspeita do promotor acontece depois de reportagem da revista “Época” mostrar indícios de que Tiririca é analfabeto.
Para a revista, o humorista Ciro Botelho –que escreveu o livro “As piadas fantárdigas do Tiririca”– afirmou que o candidato não sabe ler ou escrever. A reportagem também descreve situações em que o candidato mostra dificuldade de leitura.
O promotor contou que foi hoje ao TRE (Tribunal Regional Eleitoral) de São Paulo pessoalmente, mas não encontrou juízes para aceitar o pedido.
Quando se registrou, Tiririca apresentou uma carta afirmando que sabe ler e escrever. Se ele não estiver bem nas pesquisas talvez não causasse nenhum problema porém ele poderá ser o campeão de votos no Brasil todo é uma afronta aos políticos do país.
Ele aparece em primeiro lugar no conjunto de pesquisas do Ibope sobre a eleição para a Câmara dos Deputados em São Paulo. Como é o Estado com o maior eleitorado, não será surpresa se Oliveira Silva acabar sendo o campeão nacional de votos de 2010.
Se você não tem visto muita TV nas últimas décadas e passou incólume pela propaganda eleitoral até agora, Tiririca é ator e palhaço profissional. Tem 45 anos, lê e escreve, se autodefine como “abestado” e seu slogan é “pior que tá num fica, vote Tiririca”.
Não é uma piada. É um projeto político. Oliveira Silva é candidato pelo PR, em coligação que inclui o PT e o PC do B. Prova da seriedade do projeto é que, até o último dia 3, o partido havia investido R$ 594 mil, oficialmente, na campanha do palhaço. E não deve parar por aí.
Tiririca é o principal puxador de votos do PR, do PT e do PC do B em São Paulo. Se chegar a um milhão de sufrágios, seu excedente de votos elegerá mais quatro ou cinco deputados da coligação. O eleitor vota em Tiririca e pode eleger Valdemar Costa Neto (PR), Ricardo Berzoini (PT) ou o delegado Protógenes (PC do B).
O “projeto Tiririca” é um bom retrato do sistema de coligações que impera nas eleições parlamentares brasileiras – uma salada farta de siglas, conexões improváveis, legendas de aluguel e uma pitada muito pequena de ideologia.
Não é de espantar, portanto, que Tiririca seja o mais lembrado entre os paulistas. Nem de que alguém tenha pensado em usar um palhaço como puxador de votos. Pensando bem, até faz sentido.