O ex-ditador haitiano Jean-Claude Duvalier, o Baby Doc, derrubado por uma revolta popular em 1986, voltou ao país.  Baby Doc tomou um avião da Air France que saiu de Paris com destino a Porto Príncipe com a esposa e alguns assessores.

“Vim para ajudar”, disse Baby Doc a jornalistas antes de cumprir os trâmites de imigração no aeroporto internacional Toussaint L’Ouverture. No exílio há 25 anos, o ex-ditador volta ao país logo após o aniversário de um ano do terremoto que deixou 320 mil mortes e 800 mil desabrigados, e em meio a um conturbado processo eleitoral.

O segundo turno da eleição presidencial do último dia 28 de novembro, que deveria ter sido realizado hoje, foi adiado por tempo indeterminado. Em meio a denúncias de fraude, a opositora Mirlande Manigat foi a mais votada. O candidato do presidente René Préval, Jude Celestin, ficou em segundo, mas o terceiro colocado, Michel Martelly, contesta o resultado.

“Ele está feliz de estar de volta a seu país, de volta para casa. Está cansado após uma longa viagem”, disse Mona Beruveau, candidata ao Senado e partidária do ex-ditador. Segundo ela, Baby Doc deve dar uma entrevista coletiva na segunda-feira.

A ministra de Comunicação e Cultura do Haiti, Mari Laurence Lassegue, disse que o governo ainda não sabe que medida vai tomar. Ela foi ao aeroporto para se inteirar da situação.

Em 2007, Baby Doc falou a rádios haitianas que pretendia pedir perdão por erros cometidos em seu governo. O presidente René Préval respondeu que haveria perdão, mas também justiça.

Segundo a Justiça haitiana, Baby Doc desviou mais de US$ 100 milhões de obras sociais. Jean Claude substituiu seu pai, François Duvalier, o Papa Doc, em 1971, aos 19 anos, com o cargo de presidente vitalício. Durante seu governo, Baby Doc perseguiu, torturou e matou opositores. Os Tonton Macoute, a polícia armada do governo, aterrorizaram a população por anos.

Baby Doc deixou o Haiti em 1986 em um avião da Força Aérea americana. Países como Espanha, Suíça, Grécia, Marrocos e Gabão se recusaram a recebê-lo. A França o fez de modo temporário para ‘livrar o Haiti da ditadura’. Desde então, ele vive em uma mansão na costa do Mediterrâneo.

Fonte: Estado de São Paulo