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Manifestantes pró e antigoverno se enfrentaram nesta quarta-feira na praça Tahrir, epicentro dos protestos pela queda do ditador Hosni Mubarak, no poder há 30 anos. O enviado especial da Folha ao Cairo, Samy Adghirni, estava no local e relata como aconteceram os confrontos.

Um grupo de milhares de partidários de Mubarak invadiu mais cedo a praça Tahrir, onde há nove dias manifestantes contrários ao regime acampam e protestam por sua renúncia imediata. Portando paus e chicotes, eles entraram com cavalos e dromedários na praça localizada no centro do Cairo.

Os manifestantes antigoverno afirmam que alguns dos simpatizantes de Mubarak eram policiais à paisana, em uma estratégia para acabar com os protestos –que levaram o ditador a anunciar, na véspera, que não concorrerá nas eleições de setembro.

“O PND (Partido Nacional Democrata) pró-Mubarak e a polícia secreta vestida à paisana invadiram a praça para acabar com o protesto”, afirmou o manifestante Mohammed Zomor, 63.

Não há sinal, contudo, de intervenção do Exército para conter o conflito. Mais cedo, um porta-voz das Forças Armadas pediu aos manifestantes que encerrassem os protestos, já que as demandas foram ouvidas, e permitissem que o país voltasse à normalidade.

Imagens da televisão Al Jazeera mostraram manifestantes pró e contra o governo atirando objetos uns contra os outros. Alguns carregavam porretes. Já as imagens da rede americana CNN mostram partidários de Mubarak atacando os manifestantes com cassetetes e pedaços de pau, montados sobre dromedários e cavalos.

As agências de notícias citam dezenas de feridos sendo removidos do local, alguns com sangue escorrendo da cabeça. Mas não há nenhum saldo oficial de vítimas.