O conselheiro-relator da fusão entre Perdigão e Sadia no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) afirmou ontem (8) que a operação resultará em fortes aumentos nos preços de diversos produtos no mercado brasileiro. Ao ler seu voto sobre o caso, Carlos Ragazzo disse que alimentos processados como presunto e salsicha poderão ficar até 40% mais caros em função do poder de mercado exercido pelas duas empresas, que criaram a BRF – Brasil Foods em 2009. “A capacidade de as empresas aumentarem preços (de alimentos processados) depois da aprovação é grande”, destacou o conselheiro. O órgão suspendeu hoje a votação do processo porque o conselheiro Ricardo Ruiz pediu vista logo após a leitura do voto do conselheiro relator, Carlos Ragazzo, que durou quase seis horas.
Ragazzo afirmou que a fusão entre Sadia e Perdigão representa riscos à concorrência no mercado e pode causar “danos muito substanciais aos consumidores brasileiros”. Para o procurador-geral do Cade, Gilvandro Vasconcelos Coelho de Araújo, a operação precisa de um “remédio” visando à “efetiva rivalidade” no mercado.
O negócio que resultou na BRF, anunciado há mais de dois anos, está sendo finalmente avaliado pela autoridade antitruste. Há preocupações no mercado de que a operação que originou a BRF, maior exportadora de aves do mundo, seja aprovada pelo Cade com restrições muito pesadas, pelo fato de a companhia ter alta concentração em alguns segmentos alimentícios no país. Advogados da BRF e da Sadia defenderam, durante a sessão, a aprovação da negócio sem restrições. “Quanto maior a exportação, maior a oferta de industrializados”, disse a advogada da Sadia, Bárbara Rosenberg, destacando qu