Deu na Carta Potiguar:

Hoje, quando um jornalista quer receber o jabá dele de cada dia por meios legais, abre um blog. A estratégia é simples. O profissional da comunicação ingressa na blogosfera, começa a escrever em sua página e recebe “patrocínio” das mais variadas instâncias públicas (prefeitura, governo, assembleia, câmara, etc).

Há, no entanto, uma flagrante incongruência nesse processo que requer correção por parte das instituições competentes. Muitas vezes, influente nas páginas impressas de um jornal, o novo blogueiro, na medida em que ingressa no mundo virtual, não apresenta o mesmo sucesso de crítica e público no ciberespaço. Há blogs de jornalistas antigos da cidade totalmente desabitados e que nunca, mas nunca mesmo!, recebem um comentário sequer, um forte indício de baixa popularidade.

É estranho, por exemplo, entrar no substantivo plural, que é um jornal eletrônico de cultura bem acessado e que fomenta toda uma séria discussão na sua área de atuação, e não encontrar nenhum patrocinador público; enquanto que o mesmo não ocorre em blogs sem audiência, periodicidade e, as vezes, sequer com um mínimo de organização do conteúdo. Se a intenção fosse apenas divulgar as realizações de governo pela internet a ação não seria totalmente descabida?!

E aí, porque então, patrocinar um veículo sem audiência? A resposta é óbvia e, por isso, nos privaremos de respondê-la.

Agora, há um meio de acabar com essa farra com dinheiro público, que tem como objetivo comprar o silêncio da imprensa. Basta usar critérios técnicos para a distribuição dos recursos da concorrida verba de publicidade do governo.

Isto já ocorre entre as emissoras de Tv e a medida não teria dificuldade de ser transportada para internet. Já há inúmeras ferramentas confiáveis que medem a quantidade de acessos de um determinado blog, portal, etc. Com isso, as verbas de propaganda seriam distribuídas, conforme audiência de cada blog / jornal virtual.

Esta perspectiva, com certeza, quebraria as pernas daquelas entidades públicas que buscam calar a imprensa, assim como também dificultaria a vida dos comedores de jabá.

Além disso, o beneficiado estaria recebendo o recurso pura e simplesmente por uma questão de mérito, sem ter de bater continência para o governo; e o Estado estaria, de fato, racionalizando seus gastos na esfera virtual, não jogando dinheiro fora e pagando pela real exposição que a propaganda receberia.

O modelo é racional, meritocrático e atende verdadeiramente aos princípios da boa administração pública.

Será que alguém toparia?