Pela primeira vez na história, pesquisadores conseguiram transformar uma população selvagem de insetos de modo a reduzir sua capacidade de transmitir doenças. O feito aconteceu justamente com um dos maiores problemas de saúde pública do planeta: o mosquito transmissor da dengue.

A equipe de pesquisadores na Austrália, que contou com a participação de um cientista brasileiro, precisou de cem dias para substituir quase todos os mosquitos transmissores da doença em duas localidades por outros incapazes de carregar a dengue.

Em dois artigos na edição de hoje da revista científica “Nature”, o grupo mostra como conseguiu bloquear a transmissão do vírus ao infectar os mosquitos com a wMel, uma variante da bactéria Wolbachia.

“Muitos estudos parariam por aí. Mas os pesquisadores deram o próximo e surpreendente passo de tentar a liberação de mosquitos infectados com a Wolbachia no campo, e o fizeram no seu próprio quintal”, comentou, em artigo na mesma edição da revista, o pesquisador Jason L. Rasgon, da Universidade Johns Hopkins (EUA).

O primeiro artigo, que teve a participação de Luciano Andrade Moreira, do Centro de Pesquisas René Rachou, da Fiocruz de Minas, trata mais da caracterização da cepa da bactéria. Foi a nossa segunda investida em colocar a bactéria no mosquito, disse o cientista brasileiro à reportagem.

As moscas-das-frutas têm a mesma cepa no mundo inteiro, diz Moreira, cuja parte no estudo era checar se a saliva do mosquito continha ou não o vírus da dengue, e se a bactéria conseguia bloquear a infecção. Mostramos que bloqueou, diz ele.

Fonte :Agência de Notícias