Por Passos Júnior

O espaço aéreo do Sertão Central Potiguar muito em breve será tomado por pequenos aeromodelos produzidos por estudantes do curso Bacharelado de Ciência e Tecnologia da Universidade Federal Rural do Semi-Árido do Campus de Angicos. Trata-se do Calando Voador, uma novidade que já chegou ao conhecimento da população durante uma apresentação na praça da matriz com os dois primeiros protótipos confeccionados pelos universitários.

A ideia do grupo de estudantes vem dando tão certo que a Universidade decidiu transformar a iniciativa num projeto de extensão, garantindo para 2012, recursos no valor de R$ 7 mil. Nos dois primeiros aviões, os estudantes arcaram com todas as despesas para confeccionar os aeromodelos, investindo algo em torno de R$ 1.200,00. Os aviõezinhos foram construídos com material reciclado, inclusive, com o motor e o controle remoto sendo reaproveitados. Ao ser transformado num projeto institucional, o SAE AeroDesing Calango Voador da UFERSA Angicos se prepara para alçar vôos mais longe. Para isso, patrocínios e apoios à iniciativa serão sempre bem vindos.

Ao todo, são 13 universitários envolvidos no projeto iniciado há quatro meses com 8 estudantes. O trabalho é coordenado pelo professor, Márcio Furukava, mestre em Engenharia Mecânica. “É uma forma de levar para a parte prática os conhecimentos adquiridos pelos universitários em sala de aula”, argumenta Furukava. Ainda segundo o professor, a construção dos aeromodelos envolve conteúdos interdisciplinares como física, matemática, química, informática e português.

A iniciativa do Calango Voador veio trazer para a prática os diversos conhecimentos adquiridos nos bancos da universidade, como por exemplo, variação de pressão, velocidade relativa, movimento circular, estabilidade, proporção, geometria, desenho, computação gráfica, seleção de materiais e tantos outros que compõem a grade curricular no curso BCT. “Considero uma formação extracurricular com conhecimento interdisciplinar voltado para o conhecimento científico básico”, considera o professor Márcio Furukava.

Com a iniciava os estudantes aprendem na prática vivenciar e desenvolver novas técnicas aeronáuticas, envolvendo não apenas a parte mecânica dos aeromodelos, mas também de inovações de design, com a criação e recriação de novos modelos. “O Projeto nos motiva ao estudo e a pesquisa, tornando o curso mais interessante”, opinou Jefferson Barreto, um dos integrantes da equipe. Para João Paulo Barros Cavalcanti, universitário nativo de Angicos, o melhor tem sido conciliar a teoria com a prática, numa área que requer cada vez mais conhecimento tecnológico e inovação.

Um bom exemplo, para driblar a falta de equipamentos, foi a fabricação a partir de materiais reciclados de um cortador de isopor para a confecção da asa do avião, feito com um carregador de notebook, uma resistência de chuveiro e um arco de metalon. Nos dois protótipos construídos pelos universitários foram utilizados materiais como caixas e bandejas de frutas, isopor, entre outros. Com criatividade, os estudantes utilizaram o que dispunham para criar os aeromodelos. “Acredito que esse projeto mudou a concepção do conhecimento prático, aumentando o interesse dos estudantes pelo curso”, avalia o professor.

As equipes projetam e constroem aeronaves capazes de superar uma bateria de testes aplicada pela SAE, demonstrando a capacidade de vôo controlado, para uma determinada carga com peso sempre crescente, até as condições limites de cada projeto. A Competição SAE BRASIL AeroDesign conta com o apoio do Ministério da Educação por oferecer a oportunidade para o desenvolvimento de projetos, a partir dos conhecimentos acadêmicos adquiridos nos cursos universitários de graduação, como o Calango Voador na UFERSA Angicos.

Informações: Ufersa/Jefferson Barreto