Disposta a evitar novas brigas com a base aliada logo no início do ano eleitoral de 2012, a presidente Dilma Rousseff planeja agora uma reforma ministerial mais modesta, chamada no Palácio do Planalto de “balanceamento” da equipe. A ideia é conter o desgaste político na Esplanada sem promover mudanças bruscas, nem desalojar partidos que compõem a coalizão, nessa temporada de sucessão municipal.

Depois de perder seis ministros alvejados por denúncias de corrupção e um por incompatibilidade política, Dilma quer mexer menos em nomes e mais na gestão do governo, ao menos por enquanto. Antes de sair de férias, na sexta-feira, ela deu aos auxiliares a seguinte ordem: “Não fiquem especulando sobre a reforma porque não quero que este seja o assunto do recesso”.

A cúpula do PR pediu a Dilma para trocar o ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, que assumiu o posto com a queda de Alfredo Nascimento, em julho. O partido alega ter sido o único a não indicar o sucessor do ministro defenestrado e exige a substituição de Passos para se reintegrar à base aliada. Uma ala quer emplacar o deputado Luciano Castro (RR) e outra, Milton Monti (SP). Por ora, Dilma resiste.

Embora a presidente não tenha definido o formato final da equipe, o PSB do governador do Ceará, Cid Gomes, tem chance de retomar o Ministério da Ciência e Tecnologia. O titular, Aloizio Mercadante, vai a para Educação, no lugar de Fernando Haddad (PT), que deixará o governo em janeiro para fazer campanha pela Prefeitura de São Paulo.

Em conversas reservadas, a presidente avaliou que o PSB terá de abrir mão ou da Secretaria dos Portos ou do Ministério da Integração Nacional, se quiser reconquistar Ciência e Tecnologia. Apesar de interessada em afagar o governador de Pernambuco, Eduardo Campos – presidente do PSB e possível candidato ao Planalto, em 2014 -, Dilma avalia que os socialistas não podem ocupar um latifúndio.

No cenário de hoje, é dado como certo o rearranjo de apenas 5 das 38 pastas na Esplanada, mas essa configuração pode mudar, se incluir Transportes. Além de Haddad e Mercadante, devem ser trocados Mário Negromonte (Cidades), Iriny Lopes (Mulheres), que quer disputar a Prefeitura de Vitória, e Paulo Roberto Pinto, interino no Trabalho.