No mundo real, é possível negociar cláusulas de contratos para serviços em geral e ofertas de trabalho. No virtual, não há essa possibilidade. Esse fato vai ficar ainda mais claro a partir de hoje, quando o Google passa a adotar uma nova e única política de privacidade para os serviços da empresa, como informa o Correio Braziliense. E você, internauta, tem apenas uma opção: aceitá-la. Ou então, pode dizer adeus ao Gmail, Orkut, Picasa e outros sites do grupo controlador da gigante das buscas.

A falta de precisão na explicação do uso dos dados dos usuários continua sendo um dos grandes problemas da nova política. A empresa esclarece, na página, que será possível combinar informações de um serviço com outro, inclusive pessoais, para facilitar o compartilhamento de dados com gente que você conhece no Google+, a rede social da empresa, por exemplo. No entanto, e se aquele indivíduo que foi incluído na lista de amigos for apenas um conhecido distante, ele também receberá os dados? Sim.

É certo que nas configurações de privacidade você pode ainda escolher o que deixar ativo e o que não. Mas descobrir onde e como não é tão intuitivo assim. Para o perito especialista em crimes digitais, com MBA em gestão de tecnologia da informação e professor da pós-graduação em segurança da informação do Senac Antônio José Milagre, esse tráfego de dados que passa a vigorar viola o princípio da especialidade, no qual prevalece uma norma especial sobre a geral.

“Com essa nova política, se entrei num serviço e faço pesquisa sobre sexualidade para fins acadêmicos, isso influenciará o Orkut, o YouTube e o Gmail, e ainda posso me deparar com vídeos com conteúdos sexuais e anúncios de sex shop”, exemplifica. “É uma situação de rastreabilidade completa. O Brasil precisa prestar muita atenção”, completa o perito.