João Havelange, Pelé e Ricardo Teixeira, em 2001

A Fifa acobertou Ricardo Teixeira, João Havelange e outros cartolas envolvidos em escândalos de corrupção, violando suas próprias regras. É o que diz um relatório preparado por uma equipe contratada para propor reformas na entidade e que foi entregue nesta semana à cúpula da Fifa. Os investigadores, liderados pelo especialista anticorrupção Mark Pieth, vão propor a criação de um comitê de ética independente, auditores externos e a substituição de cartolas suspeitos por uma nova geração.

O relatório foi preparado por juristas, patrocinadores e pessoas envolvidas com o futebol. Pieth admitiu que vários pontos de sua proposta passarão por “duras negociações” dentro da própria Fifa. Nesta segunda-feira, no lobby de um hotel luxuoso de Zurique, Michel Platini e Chuck Blazer, dois dos membros do Comitê Executivo da entidade, debatiam o impacto das propostas.
Pieth afirmou que seus especialistas não ficaram satisfeitos ao descobrirem que a Fifa jogou para baixo do tapete diversos escândalos, inclusive envolvendo os pagamentos de subornos pela ISL a cartolas. Segundo a rede BBC, o escândalo envolve Teixeira e Havelange. “A Fifa tem regras e ofensas que podem ser punidas. Mas eles optaram simplesmente por não aplicá-las.”
A proposta é de que a Fifa aponte auditores para investigar corrupção e desvios, com poderes para punir. O único auditor hoje na entidade é Franco Carraro, ex-presidente da federação italiana de futebol e que, em 2006, foi pego em escutas telefônicas convencendo a arbitragem a ajudar a Lazio. Carraro foi demitido na Itália, mas continua avaliando as contas da Fifa.