Por CARLOS CHAGAS

 

De vez em quando a gente consegue ver as coisas um pouquinho antes que se concretizem. Mero golpe da sorte. Desde que se constituiu a CPI do Cachoeira que temos referido sua inocuidade, não porque deixasse de ser necessária, até imprescindível, sequer porque as investigações já haviam sido feitas pela Polícia Federal, em termos das trapalhadas do bicheiro e sua relações com políticos, governantes e empresários. Nossa afirmação inicial foi de que a CPI não daria em nada por falta de ânimo dos partidos que a compõem de apurar as verdadeiras responsabilidades. Seria apenas um campeonato de blindagem, com PT, PMDB, PSDB e outros empenhados em preservar seus integrantes e, como conseqüência, beneficiando o próprio Cachoeira.

Não deu outra. Caracterizou-se quinta-feira o acordão celebrado no grupo de deputados e senadores. Devagar, quase parando, a CPI transformou-se numa pantomima. Salvo milagre, concluirá apenas que Cachoeira é um bandido e que Demóstenes Torres era seu braço parlamentar. Tudo isso era conhecido e tinha sido publicado.

Investigar a participação de governadores, deputados e empreiteiros, nada feito. Verificar se houve corrupção nos contratos de obras do PAC com a Delta Engenharia, também não. Arrastam-se os trabalhos numa espécie de concluio maior do qual escapam poucos parlamentares, do tipo Miro Teixeira e Pedro Taques. Convenhamos, melhor seria esquecer a CPI, se ela continuar preservando bandidos, cúmplices e beneficiários.