Por  CARLOS BRICKMANN

Que é que tem a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito, CPMI, a ver com a Rio+20, a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável? Quem respondeu ‘nada’ está errado. Nesta semana, a CPMI não se reúne porque, a uns mil quilômetros de distância, realiza-se a Rio+20. Descanso geral – pois, todos sabem, trabalhar cansa. E dá um tempinho legal para que os ânimos se acalmem e os parlamentares inconvenientes que querem explicações do empreiteiro Fernando Cavendish, da Delta, que não as quer dar, o esqueçam.

Cavendish trabalha em silêncio. Tudo o que não quer é falar; tudo o que não quer é aparecer (pois quando apareceu, integrando a Turma do Guardanapo, formada por pessoas inebriadas pelo poder e pelo dinheiro, ficou mal nas fotos). Esteve reunido em Paris com dois integrantes da CPMI: Cyro Nogueira e Maurício Quintella Lessa. Ambos viajavam às custas do Tesouro,com as respectivas esposas, para uma missão parlamentar em Uganda, e voltaram por Paris onde, por acaso (foi o que disseram), encontraram-se num restaurante com Cavendish.

O deputado Cândido Vaccarezza, do PT paulista, alegou que a CPMI foi criada para investigar atividades e vínculos do bicheiro Carlinhos Cachoeira, e não pode perder o foco investigando a Delta – que, a propósito, abasteceu com R$ 47 milhões as contas de empresas de Cachoeira. Ciro Nogueira, o do almoço em Paris, encaminhou a votação contrária à convocação de Cavendish.

Até agora funcionou direitinho: o trabalho em silêncio tem dado bons resultados.