Expectativas de inflação mais altas e custos ainda elevados para o governo contrair novos empréstimos. Essas tendem a ser as consequências negativas das manobras fiscais feitas pelo governo para cumprir a meta de poupança para o pagamento de juros (superavit primário), afirmam economistas.

Há consenso entre analistas ouvidos pela Folha de que a chamada contabilidade criativa mina a credibilidade da política fiscal.

Para Alexandre Schwartsman, ex-diretor do Banco Central e colunista da Folha, a manobra não esconde que o governo gastou demais. Até novembro, as despesas cresceram quase o dobro das receitas (12,4% e 6,4%).

Há o temor de que a tendência de aumento de gastos muito maior que a expansão das receitas se repita neste ano. Isso gera pressão inflacionária, diz Schwartsman.

“O problema é que a política monetária também perdeu credibilidade. Não há expectativa de que o Banco Central subirá juros para combater a inflação”, disse o analista, da consultoria Schwartsman & Associados