Por Josias de Souza

 

O brasileiro é um crédulo. Acredita em tudo o que o Planalto diz. Ele ficou feliz com a última nota da Presidência. Nela, leu que “são falsas as especulações de mudanças na direção da Caixa Econômica Federal.” Regozijou-se com o trecho que assegura que “a diretoria é formada por técnicos íntegros e comprometidos com as diretrizes da Caixa, com seus clientes e com seus beneficiários de programas tão importantes para o Brasil como o Bolsa Família e o Minha Casa, Minha Vida.”

O brasileiro – que é crédulo, mas não é bobo – desconfiara da versão do presidente da Caixa para o rolo do Bolsa Família. Achou que falta nexo ao lero-lero do companheiro Jorge ‘Eu Não Sabia’ Hereda. A turma da informática da Caixa não seria maluca de antecipar, sem ordens superiores, os benefícios de mais de 13 milhões de brasileiros dependentes das arcas sociais.

O brasileiro não sabe se Hereda chegou à ideia de hospedar-se no mundo da fantasia usando seus próprios neurônios ou se foi empurrado para o descrédito por terceiros. Não sabe nem quer saber. Para o brasileiro, o que importa é perceber que a nota do Planalto desmente a veracidade da personagem em que Dilma havia sido transformada pela mídia golpista. Nos fundões da alma da gerente fria e mal educada, implacável com subordinados incompetentes, mora uma doce companheira.

O brasileiro, cuja credulidade às vezes descamba para o otimismo, enxergou no episódio uma porta de saída para o Bolsa Família. Vai requisitar uma ficha de filiação ao PT. De preferência no mesmo diretório que guarda o registro partidário do doutor Hereda. Depois, encaminhará o currículo ao Planalto. Quer trocar a mixaria do Bolsa Família por um contracheque de presidente da Caixa. O brasileiro sabe que sua formação é precária. Mas considera-se capaz de recitar a frase “eu não sabia’. Dispõe-se a caprichar na entonação.