Por Carlos Chagas

Na Dinastia Meiji, no Japão, seu último imperador tomou a decisão de transformar em nobres todos os professores, à época marginalizados, humilhados e reduzidos à pobreza. Junto com os títulos, eles receberam propriedades e renda compatível com sua inclusão na sociedade. O resultado, com o passar dos amos, foi a transformação do Japão em potência mundial.

Não precisamos chegar a tanto, até porque a nobreza foi extinta entre nós com a proclamação da República. Mas para que o Brasil ingresse no Primeiro Mundo, algo tem que ser feito para os professores.

A Comissão de Educação do Senado, presidida por Ciro Nogueira, examina o Plano Nacional de Educação, tendo como relator Alvaro Dias. Os dois senadores pertencem ao PSDB, mas nesse debate não se comportam como oposicionistas, senão como parlamentares empenhados em desatar o nó que ainda comprime o desenvolvimento nacional. Das 20 propostas apresentadas, destaca-se a mais premente, da valorização profissional dos professores através de um piso salarial válido para todo o país, permitindo à categoria a ansiada dedicação exclusiva. Nada mais necessário.

Além, é claro, de outras providências. As escolas em tempo integral, por exemplo, sonho que Leonel Brizola realizou no Rio mas, depois, viu-se abandonado por seus sucessores. Fernando Collor, como presidente, também tentou, mas cedeu a obstáculos imensos. O poder público se encarregaria de providenciar não apenas o ensino, mas esporte, lazer, alimentação, vestuário e higiene. Uma homenagem ao Imperador Meiji que não prestamos.

Adianta pouco ficar lamentando os 28 bilhões gastos em maioria pelo governo federal para financiar monumentais estádios de futebol. Eles estão aí, extirpá-los seria burrice. Por que, no entanto, não adaptá-los para servirem de escolas e universidades, durante a semana? E não apenas os estádios, mas quartéis, igrejas, templos, sindicatos, clubes, prefeituras e câmaras de vereador. Valeria à pena investir outros 28 bilhões para financiar essa transformação capaz de não deixar uma só criança nem um só jovem sem escola de qualidade, fundamental e média, dos 4 aos 18 anos. Universidades, também, em etapa posterior.

Pelo menos boas intenções estão sendo discutidas no Senado, em especial nessa fase em que os candidatos à presidência da República gastam tempo agredindo-se e anunciando abobrinhas. Claro que esforço igual deveria ser feito no plano da saúde pública, como também em termos de infraestrutura. Se aos pretendentes à chefia do governo faltam propostas, eis uma que toma corpo no Plano Nacional de Educação.

 

VEEMENTE SEM VIOLÊNCIA

 

Destaca-se cada vez mais o senador Aloysio Nunes Ferreira, do PSDB de São Paulo, que exerce a oposição sem contundência retórica, mas com uma profundidade ímpar. Esta semana ele radiografou o governo Dilma de forma veemente, mas sem violência verbal. Criticou o que denominou de visitas eleitorais por todo o país, ao contrário do que a presidente apregoa, de estar governando e não fazendo campanha.

Se Dilma recomendou aos concorrentes que estudem mais, disse o senador, ela deveria ser a primeira a aprender a governar, porque seu governo é uma coleção de fracassos: o déficit na balança de pagamentos, a pífio crescimento do PIB, o desequilíbrio nas contas externas, a ausência de uma política de comércio exterior, a entrega do Brasil aos caprichos da Argentina, o descaso diante da inflação, o artificial controle de preços, o aumento das tarifas e dos impostos, o descaso com a infraestrutura, a energia e os transportes, a crescente taxa de analfabetismo.

 

O curioso no pronunciamento referido, explicitado em outras acusações, foi que ninguém do PT e dos partidos da base levantou-se para contestar o orador.