PR pede volta de Lula sem deixar apoio ao governo Dilma ou entregar cargos

O deputado Bernardo Santana (PR/MG) coloca retrato do ex-presidente Lula na parede do escritório da liderança do partido durante entrevista coletiva André Coelho / Agência O Globo

A maior parte da bancada do PR na Câmara anunciou nesta segunda-feira apoio ao retorno do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência da República. O líder da bancada, Bernardo Santana (MG), convocou a imprensa para ler um manifesto assinado por 20 dos 32 deputados da bancada na Câmara oficializando o pedido de “volta Lula” e rifando a presidente Dilma Rousseff. Apesar do ato, o partido continua na base de apoio ao governo e também não pretende entregar os cargos que ocupa no governo federal.

— Não estamos rifando a presidente Dilma. Ninguém diz que não queremos a Dilma, o que dizemos é que queremos o Lula – afirmou Santana. — O momento pede uma conciliação nacional e é de crise extrema, exige de nós decisões extremas – disse.

Para o movimento “União Brasil Capital e Trabalho”, formado pelos 20 deputados, somente Lula seria capaz de resolver a “crise conjuntural” que o Brasil vive hoje.

A insatisfação do PR com Dilma não é novidade. A sigla já chegou a abandonar a base quando foi defenestrada do comando do Ministério dos Transportes por corrupção – e só voltou a dar seus votos a favor do governo quando retomou o controle da pasta. Mais: a manifestação do PR a favor da candidatura de Lula ocorre após a descabida tentativa do petista de desqualificar o julgamento do mensalão, escândalo que teve a participação da antiga direção do PR (então PL) – a legenda apoia o PT em eleições desde 2002.

“Nós somos parceiros e não estamos rompendo com o governo. Mas esse é um momento de buscar a conciliação nacional e não depõe em nada contra a presidente, que governou muito bem. É um momento de crise que exige atitudes mais extremas”, disse Bernardo Santana, líder da sigla, que fez questão de pendurar uma foto de Lula no gabinete da liderança na Câmara dos Deputados.