Cachaçaria aposta em sustentabilidade para ganhar mercado

Esqueça a visão remota de que a produção de cachaça representa também processos nocivos ao meio ambiente. Pelo menos, no Rio Grande do Norte, boa parte dos fabricantes da bebida que é a cara do Brasil se moderniza e já adota práticas ambientalmente corretas.  Uma prova disso é o Engenho Mucambo, que há dez anos produz cachaças de alambique com os rótulos ‘Mucambo’ e ‘Maria Boa’. No engenho, instalado na cidade de Goianinha (a cerca de 55 quilômetros da capital potiguar), praticamente nada é desperdiçado. Algo que poderia ser considerado resíduo vira matéria-prima para otimizar a produção e combustível para gerar mais negócios. Após esse direcionamento, a empresa está constatando que investir em sustentabilidade pode representar economia e lucratividade.

A empresa é atendida pelo projeto setorial de Cachaças de Alambique do Sebrae no Rio Grande do Norte e conta com consultorias do programa Sebraetec, que propôs melhorias ao negócio. No engenho, agora o lema é aproveitamento. O bagaço é usado para aquecer a caldeira, que envia vapor para aquecer os alambiques e destilar a bebida. Uma alternativa para substituir o uso de lenha e dar novo destino às sobras com a retirada do liquido da cana.

 

Mas não é apenas isso. Rico em matéria orgânica, o resíduo que sobra da destilação, conhecido como vinhoto, serve de aditivo para compostagem. O composto da junção do vinhoto, bagaço da cana-de-açúcar e esterco vira adubo altamente concentrado de potássio e nitrogênio, substâncias primordiais para crescimento do pomar de cana-de-açúcar. A próxima adubagem da plantação, a ser iniciada no próximo mês, já será com esse novo composto, que evita gastos com a aquisição de adubos.

“Estamos sempre melhorando os processos para dar viabilidade à nossa produção. Quando você faz um produto com valor agregado a lucratividade é maior”, resume o engenheiro Pedro Lima, que assumiu a parte administrativa da empresa fundada pelo pai, Frederico Lima. Pedro Lima, que também assume a função de gerente comercial da empresa,  também foi o responsável pelas mudanças e a guinada traçada para o engenho. A meta agora é obter o licenciamento ambiental. “No ano passado, iniciamos uma consultoria para obtermos a licença ambiental. O Sebrae está dando suporte para que a empresa se enquadre nas normas ambientais e também nos auxiliando no trâmite burocrático”.

O Engenho Mucambo é famoso por ser o único do Rio Grande do Norte e um dos poucos do país a fabricar uma cachaça amaciada por dois anos em barril de amarelo cetim – a Maria Boa, que é do tipo ouro. Já a que leva o rótulo Mucambo é armazenada em barril de umburana, que dá um sabor também diferenciado à bebida.  São quatro barris – três de amarelo cetim e um de umburana – com capacidade para armazenar 20 mil litros de cachaça cada um. O engenho produziu 35 mil litros de cachaça na última safra, período entre os meses de novembro e março. Liquido suficiente para proporcionar uma receita de R$ 600 mil ao ano.

Fonte: Assessoria