Por Cristovam Buarque

 

Brasil precisa melhorar a qualidade de vida, eliminar a corrupção, criar bom transporte público, distribuir melhor a renda, erradicar a pobreza, eliminar o analfabetismo, controlar a violência urbana e a disseminação de drogas e superar o atraso educacional.

As decisões de enfrentar ou não esses e outros problemas são tomadas pelos agentes políticos. E a política, como é feita hoje, tende a agravar, e não a resolver os problemas. Só com uma política melhor será possível fazer um Brasil melhor. Por isso, a Reforma Política deve ser do interesse de todos os brasileiros.

Ao longo da história do Brasil, as reformas têm sido feitas sem motivar nem despertar o interesse da nossa população. Por isso mesmo, elas são raras e incompletas. Nossas reformas sociais partem das elites dirigentes. Nenhuma foi resultado de uma rebelião das massas. São, até por essa razão, feitas de forma incompleta, sem o radicalismo necessário para completá-las. Nota-se que quase todas elas foram feitas apenas para dar a impressão de que algo mudou.

 

SEM ALIANÇAS NO 1º TURNO

Primeiro, para mudar de fato, precisamos dar o primeiro passo, impedindo alianças para cargos majoritários no primeiro turno, adotando a obrigação de cada partido lançar candidato em todas as eleições majoritárias.

A aliança entre partidos é uma das razões para o sistema dos dois turnos. Mas as alianças desde o primeiro turno desmoralizam o sistema. A mídia e a própria população polarizam o sistema eleitoral desde o primeiro turno, como se houvesse apenas dois candidatos.

Adotando essa obrigação, cada partido teria que lançar candidatos aos cargos majoritários no primeiro turno, acabando com as alianças antecipadas, criando uma nova dinâmica no processo eleitoral e extirpando a vergonha das siglas de aluguel da vida partidária brasileira.

 

MORALIZAÇÃO

 

Esse é um problema da política que mais exige uma reforma e que mais pode provocar mudança da imagem do Congresso Nacional. Sem essa reforma, as demais de pouco servirão para retomar a credibilidade da política partidária. Além disso, essa medida faz parte de um pacote de outras que são moralizadoras e que podem fazer com que o povo, especialmente a parcela de jovens, volte a se identificar com seus representantes.

O atual quadro partidário praticamente não tem consistência ideológica nem programática. Quase sempre, representa clubes eleitorais para facilitar eleições dos candidatos e para facilitar as coligações. Para reorganizar o quadro partidário é necessário adotar regras eleitorais mais rígidas, permitindo juntar os atuais parlamentares de acordo com suas convicções. Não de acordo com os interesses de cada eleição, que permitem agrupamentos de legendas, políticos migrantes e sem nenhuma fidelidade aos sonhos do povo brasileiro.