Por Luiz Tito

A não ser que se esteja muitíssimo interessado na continuidade de algum privilégio, boquinha, ou vá ganhar algum com o processo, ninguém mais suporta essas eleições. Em todos os níveis, seja para eleição de presidente, governador, senador e deputados, o processo passou da data de validade. A representação política da sociedade, pressuposto básico de toda democracia, está ferida de morte no Brasil e urge encontrar-se uma forma de substituí-la ou revitalizá-la em melhor perfil. Lamentavelmente essa é a realidade.Basta ouvir os candidatos, suas propostas, conhecer seus acordos e alianças, saber o porquê de cada partido político ter sido criado para se concluir sobre o vazio das candidaturas e o que será, novamente e de forma ainda mais comprometida, a atuação dos executivos e dos parlamentos brasileiros nos próximos anos.

Se você viu os programas eleitorais pela TV ou rádio, certamente sabe quem será nosso próximo Congresso e Assembleia. Os quadros atuais e sua lavra você já conhece. A eventual renovação pouco ou nada promete. Há exceções, óbvio. Dos candidatos à Presidência, dos três mais destacados, dois – Dilma e Aécio –, ela é e ele já foi executivo. Ambos prometeram e seguem prometendo muito o que poderiam ter feito como chefes de governo, com a caneta na mão. Mas a realidade revela que, em muitos dos casos, ambos nem tangenciaram tais demandas.

A candidata Marina Silva não foi prefeita, nem governadora nem presidente, mas como ministra teve pelo Ministério do Meio Ambiente uma passagem pífia, absolutamente confusa e improdutiva.

 

LOUCURAS E PROMESSAS

 

Estamos às portas de uma eleição da qual toda a nação vai depender nos próximos quatro anos, e estamos cercados de mentiras, de gente que quer apenas se arrumar, de loucuras, de promessas do que nunca será entregue porque a realidade é cáustica, exige coragem, muito trabalho, muita responsabilidade. É um momento para se enxugar os gastos, para gerar ou garantir emprego, para se acabar com a corrupção e com os privilégios, não apenas no plano federal, como estamos todos os dias denunciando, mas também no ambiente dos Estados, do Congresso, das prefeituras, das Assembleias e das Câmaras Municipais.

De se acabar com as obras faraônicas, medir a água com o fubá, de colocar na cadeia os que só mamam nas tetas do erário, os que não explicam suas fortunas, os que corrompem e os que são corrompidos. Precisamos que o Poder Judiciário também trabalhe mais e produza ações que o tornem guardião da norma, do respeito cego e amplo à Constituição e que se insira no debate das reformas que o Brasil tanto demanda. Estamos num momento onde tudo precisa ser revisto com seriedade e responsabilidade.

Se o seu candidato tem esse perfil, você acredita que ele vai trabalhar com tais compromissos, vote nele. Mas acompanhe sua atuação, cobre todos os dias o que ele prometeu, mas dê-lhe as costas se ele não lhe corresponder. O Brasil está precisando de gente que trabalha, de políticos sérios e não de conversa fiada. De sonhos e seus fabricantes estamos fartos. (transcrito de O Tempo)