Por Vera Magalhães / Estadão

Procuradores do grupo que trabalha nos desdobramentos das delações premiaras da Odebrecht na Lava Jato não veem contradição entre as informações prestadas pelo herdeiro e ex-presidente do grupo, Marcelo Odebrecht, e o ex-diretor se relações institucionais Claudio Melo Filho, cuja colaboração havia vazado no fim de 2016.

Para os representantes do Ministério Público, Odebrecht narra as negociações políticas para que a empresa contribuísse com recursos no caixa 2 para campanhas do PMDB, enquanto Melo era encarregado mais da parte “operacional”.Nessa condição, ele não saberia detalhes da forma como se deu o pedido de ajuda financeira, mas fica claro por seu depoimento, de acordo com os procuradores, que ele partiu do presidente Michel Temer.

ORDEM DE TEMER – Como a proximidade entre Eliseu Padilha e o então vice-presidente era total, só uma delegação de Temer permitiria a Padilha negociar valores e aforma de entrega de recursos.

A PGR não descarta a possibilidade de as defesas de José Yunes e Odebrecht terem alinhado os depoimentos de forma a preservar Temer politicamente, embora, no entendimento de auxiliares de Rodrigo Janot, isso não anule a responsabilidade objetiva de Temer na negociação. Já a situação de Dilma Rousseff é considerada mais grave pelos encarregados de tomar as providências a partir das delações da Odebrecht. Isso porque o depoimento de Marcelo, que diz que alertou pessoalmente a então presidente sobre a origem ilegal e as circunstâncias do financiamento, joga por terra aquela versão de que Dilma era “pessoalmente honesta” que o governo e o PT tentaram vender durante o impeachment.

Nesse aspecto, os procuradores acreditam que a mudança de composição no TSE e a postergação do processo, estratégias da defesa do presidente, devem livrá-lo da cassação pela Justiça Eleitoral.