Do G1

O presidente Jair Bolsonaro disse, hoje, que, por ele, o Brasil adotaria o isolamento vertical. Ele citou a Suécia como exemplo, mas não mencionou que o país escandinavo tem mais mortes por Covid-19 que os vizinhos, que adotaram o isolamento mais rígido.

O presidente deu a declaração durante uma reunião com empresários da indústria. “O governo federal, se depender de nós, está tudo aberto com isolamento vertical e ponto final. Os governadores assumiram cada um a sua responsabilidade, houve uma concorrência entre muitos para ver o que fechava mais”, disse Bolsonaro. “Quem defendia mais a vida do teu eleitor, do cidadão do teu estado em relação aos outros. O governo federal nunca foi óbice. Se depender de mim, quase nada teria sido fechado, a exemplo da Suécia”.

O quadro na Suécia

A Suécia, com 10 milhões de habitantes, passou a casa dos 3 mil mortos há uma semana, em 7 de maio. O Brasil, com população 21 vezes maior, registrava naquele momento o triplo de óbitos na mesma data. Ou seja, em termos matemáticos, o índice de mortos pelo total de habitantes na Suécia é cerca de sete vezes maior que o do Brasil. A comparação não leva em conta a subnotificação nos países.

Os números continuam subindo e, até esta quinta, a Suécia já registrava 28.582 casos confirmados e 3.529 mortes. Para cada milhão de habitantes, o país nórdico tem 2.830 casos e 349 óbitos. Se a mesma conta for feita para o Brasil, os números são bem menores: 923 casos e 64 mortes para cada milhão de habitantes.

Apesar de afrouxar a política de distanciamento social, a Suécia garantiu investimentos robustos nas medidas voltadas para o pico da pandemia. O governo anunciou, por exemplo, que irá subsidiar 90% do salário dos trabalhadores que sejam afastados temporariamente de seus empregos. No fim de abril, a rede britânica BBC noticiou que, mesmo sem uma quarentena imposta pelo governo muitos cidadãos suecos vinham optando pelo “distanciamento social voluntário”.

“O uso do transporte público caiu significativamente. Um grande número de pessoas está trabalhando de casa. E a maioria da população se absteve de viajar no fim de semana da Páscoa. O governo também proibiu reuniões de mais de 50 pessoas e visitas a casas de repouso para idosos”, afirma a reportagem.