Desde que Fernando Henrique Cardoso criou um esboço de plano social, como o auxílio-gás, na verdade penduricalho que Lula ampliou e carimbou como Bolsa-Família, um contingente de mais de 20 milhões de brasileiros virou reféns de planos de sobrevivência, uma janela para escapar da morte matada pela fome, de Vida e Morte Severina.

Caetano Veloso tem uma música que diz que gente é para brilhar, não para morrer de fome. A pandemia, não esperada pelo Governo, levou o presidente Bolsonaro a socorrer 14 milhões de sacrificados, uns expulsos do mercado de trabalho pela paralisação da economia, outros, este a grande maioria, formam um verdadeiro exército, contingente dos sem emprego, sem teto, sem absolutamente nada, de bolsos vazios.

Sem previsão para minorar seus efeitos, a depender do aceleramento do programa de vacinação, a pandemia continua matando, isolando e gerando uma legião de famintos. Falando com jornalistas, ontem, em Brasília, Bolsonaro sinalizou que será retomado o programa de ajuda emergencial, mas sem precisar datas, nem valor.

A crise social é gravíssima. Bolsonaro precisa cuidar urgentemente dos mais necessitados, dos que não têm saída. A fome é má conselheira, fui criado ouvindo isso da boca de Dom Francisco, bispo da Diocese do Sertão do Pajeú, que o Governo temia por ser da tribo vermelha. Mário Quintana, o poeta do amor e das chagas sociais, falando sobre fome, disse que cego é aquele que não vê seu próximo morrer de frio, de fome, de miséria.

O presidente não é daqueles surdos, que não têm tempo de ouvir um clamor nacional pelo chapéu estendido do auxílio. Ninguém pode viver só de esperança, se não morrerá de fome. “Num País de miseráveis, como o Brasil, aqui se passa fome, aqui se odeia, aqui se é feliz, no meio de invenções miraculosas”, escreveu em um dos seus livros a poetisa Adélia Prado, romancista, ícone do Modernismo.

Não sei se o presidente já passou fome, mas a fome dá um brilho de choro nos olhos, é um lobo feroz que devora homens, mulheres e crianças. O sistema nunca temeu o pobre que tem fome. A fome ronda também jovens e adultos abandonados. Se o Brasil fosse diferente e cada um tomasse o que lhe fosse necessário, não havia pobreza nem ninguém morreria de fome.

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