Por Claudemir Gomes*

O sonho de todo cronista esportivo é cobrir uma Copa do Mundo. Digo mais: nove entre dez brasileiros gostariam de vivenciar o clima de um Mundial de Futebol no país sede. Afinal, estamos falando de um dos maiores espetáculos da terra; de um dos eventos mais midiáticos do planeta.

Enganam-se aqueles que pensam, que uma Copa do Mundo se restringe ao espetáculo protagonizado pelos jogadores dentro das quatro linhas. Naturalmente que, os encantos e a magia da disputa, seguem restritos ao que os virtuosos podem fazer com a bola. Até a subversão da lógica, coisa que só acontece com o futebol entre os esportes coletivos, é instigante.

Por ser considerado o “País do Futebol”, a disputa de uma Copa do Mundo sacoleja o Brasil de Norte a Sul. Nestes dias que antecedem o início das disputas da Copa do Catar, uma nova aura paira sob o céu brasileiro. Bendita aura! Afinal, estamos precisando espantar as nuvens negras deixadas pelas recentes eleições que tiveram como marca registrada um abismo separatista.

A Copa do Mundo é o assunto dominante em todo o planeta. Esta edição nos Emirados Árabes Unidos é a conclusão de expansão do projeto da FIFA, de levar a competição a todos os continentes. Isto era um sonho do ex-presidente, João Havelange, que levou o suíço, Joseph Blatter, para ser secretário geral da entidade e que acabou lhe sucedendo na presidência no período de 1998 a 2015.

As gestões de Havelange e Blatter foram marcadas pelo crescimento astronômico do futebol, que se transformou num dos maiores negócios do mundo; por negociatas; uma série de escândalos de corrução e tomadas de decisões políticas na contramão da história, como a edição do Mundial de 1978, na Argentina, quando o país vivia sob o peso de uma ditadura militar. Pecados também cometidos quando das escolhas da Rússia, e do Catar, como sedes das edições de 2018 e 2022.

Para chegar a Doha, o futebol atravessou um mar de lama, mas apesar dos pesares, se espera um bom legado nesta edição da Copa do Mundo, cujo primeiro jogo será disputado domingo (20/11/2022), e tem como pano de fundo, a quebra de paradigmas e o ineditismo.

As novidades começam pelo período de disputa: novembro/dezembro. Até então, todos os Mundiais foram realizados nos meses de junho/julho.

Pela primeira vez vamos ter mulheres atuando como árbitros assistentes num Mundial de Futebol Profissional Masculino; todos os estádios foram construídos numa mesma cidade; todas as seleções ficarão hospedadas e treinarão no mesmo município; o VAR também será usado para mostrar a linha de impedimento; a Rede Globo, que detém os direitos de transmissão dos jogos para o Brasil, escalou, pela primeira vez na história mulheres para transmitir e comentar jogos;  e pasmem: desde a edição de 1930, que foi realizada no Uruguai, a festa será num país onde é proibido o consumo de bebida alcoólica.

Isso pode Arnaldo?

Pode tudo! Hoje em dia, diferentemente de como cantou Tim Maia, pode até homem com homem, e mulher como mulher. Cuidado! No Catar não pode. O islamismo não permite.

Uma Copa cheia de novidades. Será que vamos ter um novo país ingressando no seleto grupo dos campeões? Chegou a vez da Holanda?

Essas e tantas outras indagações somente serão respondidas com as disputas dos jogos. Afinal, como diz o mestre, Lenivaldo Aragão: “No futebol não existe verdade absoluta”.

Principalmente numa Copa do Mundo.

*Jornalista