Foto: Marcelo Camargo

Depois de ser alvo de sucessivas críticas do presidente Lula e de membros do governo, Roberto Campos Neto teria concordado em rever a meta de inflação para 2023.

Segundo fontes do governo, o presidente do Banco Central indicou que vai propor meta de inflação de 3,5% para este ano. Hoje, a meta estabelecida para 2023 é de 3,25%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. A informação é do colunista do Metrópoles, Igor Gadelha.

A notícia caiu como bomba no mercado. A Bolsa de Valores, que operava em alta na manhã desta quinta-feira (9/2), mergulhou para uma queda de 1% após a divulgação da notícia. Os juros futuros, medidos pelo índice DI, estão operando com alta de até 2 pontos percentuais. As projeções para a Selic em 2027, por exemplo, saltaram da casa dos 11% para 13%.

Uma meta de inflação mais “frouxa” seria um sinal verde para o Banco Central começar a cortar os juros, como é desejo do presidente Lula. A Selic em 13,75% é um entrave para o crescimento da economia, mas é o único freio para uma inflação que alcançou os dois dígitos no final de 2021.

No médio prazo, como mostram as taxas DI, a nova meta deve causar um repique inflacionário, o que obrigaria o BC a voltar a subir os juros.

Batalhas perdidas

A decisão de Campos Neto possivelmente pretende evitar duas batalhas perdidas. As metas de inflação são definidas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), cujos membros voltarão a ser o presidente do Banco Central, o ministro da Fazenda e o ministro do Planejamento. No desenho atual, os membros são Roberto Campos Neto, Fernando Haddad e Simone Tebet. Os ministros de Lula formam, portanto, maioria para qualquer decisão sobre a meta inflacionária.

No governo Bolsonaro, quando os ministérios da Fazenda e Planejamento foram fusionados no ministério da Economia, a terceira cadeira era do secretário especial da Fazenda, o que, na prática, também conferia ao governo a maioria. A decisão de voltar ao modelo anterior, com Fazenda, Planejamento e BC, foi tomada ainda na primeira semana de governo Lula.

Metrópoles