Charge do Rômulo Estânrley (Arquivo do Google)

Pedro do Coutto

O IBGE revelou, na tarde de terça-feira, que o mês de junho marcou o primeiro passo de uma deflação que interrompeu o aumento dos preços que vinham sendo registrados mês a mês e já somavam um percentual expressivo, não compensado nos reajustes salariais, sobretudo porque não houve reajuste no governo Jair Bolsonaro.

A notícia, destacada no Jornal Nacional da TV Globo de terça-feira, somou muito para o governo Lula na medida em que diversas consumidoras em supermercados diferentes demonstraram satisfação com o recuo de preços dos alimentos essenciais à vida humana. Mas o problema não se esgota sob esse ângulo, pois para chegar à deflação mínima de oito centésimos o IBGE incluiu entre os fatores principais a queda de preço dos automóveis, que na verdade é uma consequência de financiamentos diretos liberados pelo governo federal. Há também o recuo do preço de combustíveis e o registrado na alimentação.

RECUO – Com base nesses resultados, setores do mercado identificam a possibilidade de os juros da taxa Selic caírem de 13,75% para 13,5%; um lance apenas retórico do Banco Central para reduzir as pressões sobre o mandato de Roberto Campos Neto. Voltando à inflação, principal problema brasileiro, verifica-se que a previsão de que feche o ano na escala de 3,25% é otimista. Mas importa menos do que a realidade que já passou, pois a inflação, como digo sempre, se acumula a cada mês de um índice sobre outro.

Não há perspectiva de devolução do que foi pago e o que custaram os preços em matéria de sacrifício pessoal. Os salários continuam perdendo para a inflação, e com isso a renda se concentra cada vez mais e não ocorre nenhum movimento para a sua redistribuição. A reportagem de O Globo é de Carolina Nalin, Renan Monteiro e Eliane Oliveira; da Folha de S. Paulo, de Leonardo Vieceli e a do Estado de S. Paulo  é de Alexandre Calais.