Ao falar pela primeira vez sobre as fortes chuvas que atingem o Sudeste do País, a presidenta Dilma Rousseff culpou o “desleixo” no tratamento dado por governantes à população de baixa renda. Embora não tenha citado diretamente o governo do ex-presidente tucano Fernando Henrique Cardoso, Dilma empenhou-se em deixar claro que a afirmação não se referia ao antecessor Luiz Inácio Lula da Silva, nem ao governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral Filho (PMDB), que integra a base de apoio ao seu governo.

“Houve no Brasil um absoluto desleixo em relação à população de baixa renda, que como não tinha onde morar foi morar em fundo de vale, beira de rio, beira de córrego e encosta de morro”, afirmou Dilma, em sua primeira entrevista coletiva desde que tomou posse, no dia 1º de janeiro. Voltando-se a Cabral, a presidenta disse que teria sido fundamental assegurar bons programas de moradia e saneamento. “E aí vou defender o presidente Lula e nós, Serginho, pois nós fizemos uma parceria. Fizemos o PAC em parceria com governos estaduais e prefeituras”, disse Dilma, em referência ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), uma das principais bandeiras de sua campanha presidencial.

Questionada, Dilma descartou a utilização das Forças Armadas nos trabalhos de reconstrução das áreas atingidas. Disse que esse papel cabe às empresas privadas que serão contratadas para encaminhar as obras emergenciais. Por fim, mandou um recado às famílias das vítimas. “Envio a eles minha total solidariedade”.

Tragédia

O número de vítimas no Rio já se aproxima de 400. Entre os mortos, estão familiares do economista Erik Conolly, diretor da holding do Icatu. Em Teresópolis, uma das cidades mais atingidas na Região Serrana, mais de 600 pessoas estão em abrigos, sendo pelo menos 300 em um ginásio, segundo a Defesa Civil municipal.

Com casas destruídas e sem ter para onde ir, famílias interias buscam abrigo em ginário de Teresópolis Segundo balando da Defesa Civil, há pelo menos 13 mil desabrigados (aqueles que perderam tudo e necessitam de abrigos públicos) ou desalojados (aqueles que podem contar com a ajuda de vizinhos e familiares). Em Petrópolis há 3.600 desalojados e outros 2.800 desabrigados. Em Teresópolis a Defesa Civil contabiliza 960 desalojados e 1.280 desabrigados. Em Nova Friburgo, ficaram desalojados 3.220 pessoas e, 1.970, desabrigadas.

Fonte: G1