Investimento recua, mas gastança se expande para manter a máquina pública

Apesar de a presidente Dilma Rousseff afirmar à exaustão que o governo não irá cortar investimentos, não é bem isso que se verifica nas cifras mais recentes do Orçamento Geral da União (OGU), levantadas pela ONG Contas Abertas, com base em dados do Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal (Siaf). Segundo o documento, os desembolsos do governo para investimentos recuaram de 8,38 bilhões de reais no primeiro trimestre de 2011 para 7,01 bilhões de reais no mesmo período deste ano – uma queda de 16,2%. Em contrapartida, de acordo com o mesmo levantamento, os gastos com a máquina pública, salários de funcionários, encargos sociais, além da amortização e refinanciamento da dívida aumentaram na comparação com o ano passado. Segundo o Contas Abertas, o total de gastos com investimentos não inclui os desembolsos com o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

A queda se deve, em grande parte, ao Ministério dos Transportes. Em 2011, a pasta desembolsou 2,9 bilhões de reais em investimentos no primeiro trimestre. Este ano, o valor recuou 50,8%, para 1,4 bilhão de reais. Não fosse isso, os números do trimestre teriam ao menos permanecido estáveis em relação ao ano anterior, em dados sazonalizados. “Trata-se de um problema de gestão e não de contenção do Tesouro. O Dnit está paralisado e está muito difícil destravá-lo”, avalia o especialista em Contas Públicas Raul Velloso, fazendo referência ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). Em 2011, o órgão foi alvo de “faxina” da presidente Dilma, depois que VEJA revelou a existência de um amplo esquema de corrupção na pasta, resultando em mais de 20 demissões e no afastamento do então ministro Alfredo Nascimento.