O Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) decidiu, por unanimidade, manter novamente a taxa básica de juros em 10,75% ao ano. Essa foi a última reunião do Copom no governo Lula e sob o comando de Henrique Meirelles, que deixa a presidência do BC no fim do mês.

Entre os que participaram da reunião está o atual diretor de Normas e futuro presidente do BC no governo Dilma Rousseff, Alexandre Tombini.

“Avaliando a conjuntura macroeconômica e as perspectivas para a inflação, o Copom decidiu, por unanimidade, manter a taxa Selic em 10,75% a.a., sem viés”, informou o comitê, em nota.

“Diante de um cenário prospectivo menos favorável do que o observado na última reunião, mas tendo em vista que, devido às condições de crédito e liquidez, o Banco Central introduziu recentemente medidas macroprudenciais, prevaleceu o entendimento entre os membros do Comitê de que será necessário tempo adicional para melhor aferir os efeitos dessas iniciativas sobre as condições monetárias. Nesse sentido, o Comitê entendeu não ser oportuno reavaliar a estratégia de política monetária nesta reunião e irá acompanhar atentamente a evolução do cenário macroeconômico até sua próxima reunião, para então definir os próximos passos na sua estratégia de política monetária”.

A maioria dos economistas já esperava a manutenção dos juros. A aposta do mercado financeiro é que a taxa básica voltará a subir na próxima reunião do Copom, no dia 19 de janeiro. Os economistas esperam ainda mais dois aumentos, em março e abril, elevando a taxa para 12,25%. Os juros só voltariam a cair em 2012.

O BC já sinalizou que, como a crise do PanAmericano foi resolvida sem causar impacto no mercado de crédito, haveria espaço para voltar a subir os juros.

Além disso, novos números divulgados sobre a inflação mostraram que o índice oficial de preços (IPCA) está cada vez mais distante do centro da meta de 4,5%.

A manutenção dos juros deixa o Brasil no topo do ranking das maiores taxas do mundo. Isso contribui para atrair mais dólares para o país e derrubar a cotação da moeda.

CRÉDITO

A taxa básica determina o custo do dinheiro para os bancos e, por isso, serve de base para os juros dos empréstimos a empresas e consumidores, cuja taxa média está hoje em 35% ao ano.

A Selic é também um dos principais instrumentos que o BC tem para tentar controlar o ritmo de crescimento da economia e a inflação.

Na semana passada, o governo anunciou uma série de medidas para evitar uma disparada nos índices de preços no próximo ano.

Além de retirar R$ 61 bilhões da economia com o aumento do compulsório (dinheiro dos bancos que fica depositado no BC), a instituição impôs restrições aos financiamentos acima de 24 meses.