As chuvas que provocaram uma das maiores tragédias da história do Brasil na semana passada já deixaram 642 mortos na região serrana do Rio de Janeiro, segundo informações da Defesa Civil estadual nesta segunda-feira, quando o governador do Estado, Sérgio Cabral, classificou o desastre de “avalanche tropical”.

Deslizamentos de terra e soterramentos provocados pelas fortes chuvas que caíram sobre a região serrana entre terça e quarta-feira da semana passada já mataram pelo menos 296 pessoas em Nova Friburgo, 269 em Teresópolis; 56 em Petrópolis, 19 em Sumidouro e 2 em São José do Vale do Rio Preto.

Várias pessoas ainda estão desaparecidas e as equipes de resgate, formadas por membros do Corpo de Bombeiros, das Forças Armadas e da Defesa Civil, ainda tentam tirar vítimas dos escombros.

Pelo menos 10 estradas estão total ou parcialmente interditadas e existem algumas áreas onde as equipes de salvamento ainda não conseguiram chegar. As chuvas também deixaram milhares de desabrigados e desalojados e algumas áreas estão sem água, luz e telefone.

Cabral anunciou nesta segunda a liberação de 30 milhões de reais para as áreas afetadas e pediu ao governo federal mudanças no programa Minha Casa, Minha Vida para priorizar moradores de áreas de risco.

“Recursos não são problema. Neste momento temos duas tarefas fundamentais: resgatar os corpos e dar dignidade aos vivos”, disse ele a jornalistas. “Ainda há corpos soterrados e pessoas desaparecidas. Não será um trabalho fácil nem rápido, mas vamos enfrentar.”

Estimativas das prefeituras locais apontam que a reconstrução vai custar cerca de 2 bilhões de reais e levará ao menos dois anos.

Cabral pediu, ao lado do prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, que as novas unidades do Minha Casa, Minha Vida no Estado tenham como destino prioritário às famílias que moram em áreas de risco, como algumas que morreram no temporal na região serrana.

“O prefeito Eduardo Paes e eu pedimos que o programa Minha Casa, Minha Vida nas cidades afetadas tenha uma vinculação direta com as moradias em áreas de risco”, disse Cabral.

“Hoje, 50 por cento do cadastro é feito pelo município, e 50 por cento dos beneficiados vêm através de sorteio. Ele (Paes) sugeriu que nas áreas de risco sejam 100 por cento”, acrescentou o governador, após reunião com Paes e com o vice-presidente da República, Michel Temer -os três são filiados ao PMDB.

Há possibilidade de mais chuva na região serrana do Rio nesta segunda-feira, especialmente em Teresópolis. Nos próximos dias, de acordo com previsão do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), é alta a probabilidade de chover em Nova Friburgo e Teresópolis, as duas cidades mais afetadas pela tragédia.

Fonte: O Globo