O atirador que abriu fogo contra a Escola municipal Tasso da Silveira, em Realengo, Zona Oeste do Rio, além de deixar cartas comentando sobre os motivos do ataque, também deixou um vídeo gravado dois dias antes do massacre. Wellington Menezes de Oliveira disse que o fato de ter sofrido bullying contribuiu para cometer a barbárie, apesar de não ter sido a única razão. Porém, a psicóloga Maria Inês Bittencourt, da PUC-Rio, disse ao SRZD que ter sido humilhado não é motivo para tal atitude.

“Não é o bullying que leva a pessoa a cometer esse tipo de crime. Esse rapaz era muito doente. Ele tinha esquizofrenia paranóide, que acontece quando o indivíduo pensa nos fatos reais de acordo com premissas criadas em sua cabeça”, explicou.

Segundo a especialista, o fato de Wellington ter citado o bullying como um dos motivos para tirar vidas de crianças é “completamente delirante” e um “sinal de uma pessoa completamente perturbada”.

A psicóloga disse que o atirador foi vítima de discriminação e desprezo na escola, caracterizado por bullying, e poderia ter sofrido qualquer outra humilhação, porém, não justifica o comportamento violento que aderiu.

“Bullying foi só um pretexto para jogar todo o ódio que ele devia ter com outras questões, por causa da dificuldade de se relacionar com outros. Mas, se ele se identifica com os fracos, porque matou justamente os inocentes?”, questionou.

Sobre a recuperação das crianças sobreviventes, assim como professores e funcionários, a psicóloga disse que vai depender das características e história de vida de cada um, mediante a capacidade individual de reagir ao trauma.

Ela disse ser “justo” o fato de não ter aulas nas salas onde ocorreu o tiroteio, para que as lembranças não sejam afloradas e desperte maior tristeza.

Fonte :SRZD