O Banco Central anunciou a redução de 0,5 ponto percentual da taxa básica de juros (Selic), que passou de 12% para 11,5% ao ano. O anúncio foi feito pelo Copom (Comitê de Política Monetária) na noite desta quarta-feira (19).

De olho no crescimento da economia no ano que vem, o BC decidiu manter a trajetória de queda dos juros –referência para os bancos fixarem o custo dos empréstimos para as empresas e as pessoas físicas no país.

Depois de surpreender o mercado financeiro na última reunião do Copom, em agosto, a decisão dos diretores do Banco Central ficou dentro do esperado.

Apesar de boa parte dos analistas ainda discordar do diagnóstico do BC para a inflação no ano que vem, a expectativa era de nova queda nos juros. Sobretudo depois dos alertas feitos pelo próprio presidente da instituição, Alexandre Tombini, de que cortes moderados na taxa Selic são “consistentes com a convergência da inflação para a meta de 2012″.

Diante da expectativa do BC de um queda mais brusca no crescimento mundial, com reflexo no nível de atividade no Brasil, chegou-se a especular que a magnitude do corte poderia ser maior, chegando a um ponto percentual.

Não foi o que ocorreu.

A decisão do Copom, anunciada há pouco, sinaliza que o cenário com o qual os diretores trabalhavam no final de agosto não mudou muito. Ao contrário, apenas se confirmou. Por isso, a manutenção do ritmo de queda nos juros.

Dentro do governo, a avaliação é que, a partir de agora, a diferença entre as projeções feitas pelos analistas de mercado para inflação no ano que vem e as oficiais deverão começar a reduzir.

Enquanto a meta fixada para o IPCA (índice de preços referência para o governo) em 2012 é de 4,5%, o BC já trabalha com 4,7% e o mercado com 5,61%. A meta oficial tem um intervalo de variação de dois pontos percentuais, o que significa que o BC tem que calibrar a taxa de juros para garantir que a inflação alcance, no máximo, de 6,5% no ano que vem.

Para o governo, apesar de o mercado continuar reavaliando semanalmente suas estimativas de inflação para 2012 para cima, o ritmo de alta está perdendo fôlego. À medida que os desdobramentos da crise financeira internacional se traduzirem em menos crescimento econômico no mundo, acredita-se que as projeções deverão se aproximar ainda mais dos números oficiais.

Para o BC, as diferenças de projeções são naturais diante de um “cenário novo e complexo” como o vivido no mundo desde o final de 2008.

Enquanto o BC acredita que o mundo viverá um período prolongado de baixo crescimento, o que contribuirá para reduzir a inflação nas principais economias, incluindo o Brasil, economistas defendem que a desaceleração no nível de atividade no Brasil será mais forte no segundo semestre deste ano.

Em 2012, a pressão por reajustes deverá continuar, impulsionada pelos reajustes reais de salários obtidos este ano e pela demanda ainda aquecida.