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Os cinco acusados de envolvimento nas mortes da deputada Ceci Cunha, do marido e mais dois parentes dela foram considerados culpados nesta quinta-feira (19) pelos crimes. A decisão foi do júri popular formado para analisar o caso e as penas anunciadas até as 8h45 variam de 87 a 105 anos de detenção. A leitura da pena do mandante, o ex-deputado Talvane Albuquerque, ainda não foi declarada.

Os outros quatro – José Alexandre dos Santos, Mendonça Medeiros da Silva, Jadielson da Silva e Alécio Vasco– foram considerados autores materiais. Jadielson Barbosa recebeu pena de 105 anos de prisão em regime fechado. Alécio Alves Vasco foi condenado a 87 anos e três meses, também em regime fechado. José Alexandre dos Santos, o Piaba, recebeu pena de 105 anos. Mendonça Medeiros da Silva cumprirá pena de 75 anos e 7 meses.

A leitura das sentenças pelo juiz da 1ª Vara Federal de Alagoas, André Granja, deve terminar na manhã de hoje. Os réus ainda podem recorrer da sentença no Tribunal Regional Federal da 5ª Região. O caso foi a julgamento 13 anos depois de os crimes terem sido cometidos.

Ceci Cunha foi morta em 16 dezembro de 1998, durante uma visita à casa de sua irmã, em Maceió (AL), horas depois de ser diplomada deputada pela Justiça Eleitoral. Era o seu segundo mandato.

Ela, seu marido, Juvenal Cunha, o cunhado Iran Maranhão e a mãe dele, Ítala Maranhão, estavam sentados em frente à casa da família quando foram atingidos por pistoleiros. Todos morreram.A deputada foi atingida por um tiro no pescoço. O episódio ficou conhecido em Maceió como a “chacina da gruta”, em referência ao bairro onde ocorreu.

Primeiro suplente na coligação que elegeu Ceci Cunha na eleição de 1998, Talvane Albuquerque chegou a assumir a vaga, mas foi cassado pela Câmara dois meses depois por falta de decoro parlamentar.

Ele foi denunciado pelo Ministério Público Federal sob acusação de encomendar a morte da deputada. Ficou preso por um ano e, desde maio de 2000, aguarda julgamento em liberdade.

Desde o início do processo, Talvane negava ter ordenado o crime. O advogado Welton Roberto, que defende o ex-deputado, disse que não há provas contra ele e que nunca foram investigadas outras hipóteses para o crime.

“Dizem que são 13 anos de impunidade. Mas, na verdade, são 13 anos de injustiça, pois ele é acusado sem provas”, afirmou.

Segundo o advogado, ainda não foram julgados dois recursos que questionam a transferência do processo da Justiça de Alagoas para a Justiça Federal. Esses recursos, diz o advogado, podem levar à anulação do julgamento.