Na ata da primeira reunião do Comitê de Política Monetário (Copom) deste ano, o Banco Central (BC) avalia que a economia brasileira passou por mudanças estruturais significativas que determinaram recuo nos juros básicos.

Depois do encontro da semana passada, quando o BC reduziu de 11% para 10,5% a taxa Selic, a ata sinalizou que é alta a probabilidade da taxa Selic se deslocar para patamares de um dígito daqui em diante. A sinalização do comitê é condizente com a previsão do mercado, que, segundo o último boletim Focus, a Selic deve terminar 2012 em 9,5%.

Segundo o BC, a desaceleração da economia brasileira no segundo semestre de 2011 foi maior do que se antecipava é um dos motivos para a queda dos juros para o patamar de um dígito. Além disso, eventos recentes não mostram uma solução definitiva para a crise financeira europeia em curto prazo. “O Copom atribui elevada probabilidade à concretização de um cenário que contempla a taxa Selic se deslocando para patamares de um dígito”, diz o texto da ata.

O processo de redução dos juros também foi favorecido, de acordo com a ata, por mudanças na estrutura dos mercados financeiros e de capitais, pelo aprofundamento do mercado de crédito. A geração de superávits primários consistentes com a manutenção de tendência decrescente para a relação entre dívida pública e PIB foram outros motivadores.

No mesmo sentido, o BC avalia que o cumprimento da meta de inflação pelo oitavo ano consecutivo, em 2011, contribui para a redução dos prêmios de risco. Embora considere que essas mudanças sejam perenes, os diretores do BC admitem, no entanto, que mudanças pontuais podem ocorrer. “Em virtude dos próprios ciclos econômicos, reversões pontuais e temporárias podem ocorrer – e contribuem para que a economia brasileira hoje apresente sólidos indicadores de solvência e de liquidez”, afirma o documento.(Veja)