A Marinha informou hoje que a mancha de óleo proveniente do vazamento da Chevron, na Bacia de Campos, tem cerca de um quilômetro de extensão. A macha foi avistada por um inspetor naval da Capitania dos Portos do Rio de Janeiro durante sobrevoo realizado ontem no local.

O procurador da República Eduardo Santos de Oliveira, do Ministério Público Federal de Campos, informou nesta sexta-feira que vai indiciar criminalmente os envolvidos nos dois derramamentos de óleo da petrolífera americana. Oliveira, que estava de férias, analisaria o caso apenas na segunda-feira, mas decidiu antecipar a sua volta para entrar com a ação, possivelmente contra executivos da empresa, nos próximos dias. Em outra frente, o Ibama notificou a Chevron, definindo prazo até terça-feira para que explique o que fez para conter o problema. A Agência Nacional do Petróleo (ANP), por sua vez, aguarda informações adicionais da empresa para autorizar seu pedido de suspender a produção no país até que as causas do vazamento sejam esclarecidas.

De acordo com informações da empresa, foram recolhidos cinco litros de óleo e identificada uma fissura de 800 metros no solo marinho, a três quilômetros do local onde houve o derramamento de novembro, quando vazaram 2,4 mil barris de petróleo. O pequeno volume informado desta vez está sendo questionado por especialistas, que acreditam haver relação entre os dois episódios. Uma das hipóteses é que a cimentação realizada pela Chevron para conter o primeiro vazamento tenha apresentado uma falha, por onde o óleo do reservatório teria se infiltrado e pressionando as rochas submarinas, provocando a fissura do segundo vazamento. O oceanógrafo David Zee, da Uerj, acredita que este segundo vazamento é superior a cinco litros:

– É preocupante pensar na quantidade de óleo que pode vazar de uma fenda de 800 metros. Estamos analisando dados que podem estar errados. Eu duvido que tenha vazado apenas cinco litros. Esse derramamento pode ter ocorrido por falha na cimentação do poço do primeiro vazamento.

Um geólogo experiente, que prefere não se identificar, também acredita na tese de uma falha na cimentação. O especialista não acredita que o volume de óleo vazado tenha sido tão pequeno.