Saiba um pouco sobre o Mensalão:

São 38 acusados de participar de um esquema em que foram tipificados vários crimes na denúncia do Ministério Público, mas que pode ser resumido no uso de dinheiro de origem suspeita (pública ou privada) para o pagamento de parlamentares a serem cooptados ou já integrantes da base do governo Lula.

Em 2005 o escândalo abalou as estruturas do PT, derrubou a então direção e só não levou o presidente a desistir de disputar a reeleição por obra de uma negociação com a oposição que achou arriscado criar uma crise.

Avaliou que Lula não se recuperaria politicamente e perdeu autoridade moral quando manteve Eduardo Azeredo na presidência do PSDB após a descoberta de que o operador do esquema, Marcos Valério de Souza, já atuara na eleição dele para o governo de Minas Gerais.

Não obstante o brutal desgaste, Lula conseguiu se reeleger. Assim, assim, em segundo turno, concorrendo com um Geraldo Alckmin quase desconhecido no plano nacional e de atributos pessoais, digamos, mornos.

Reeleito, construiu a mais espetacular recuperação já vista, passando a ocupar posto de ponta no panteão dos intocáveis. Mas o fez ao custo de muita mistificação sustentada em situação de céu de brigadeiro na economia.

Agora se aproxima a data do encontro marcado com a verdade. O Supremo estabelecerá culpas e inocências – não obstante possa também indicar apenas culpados ou só inocentes – e a partir das sentenças é que o País verá se Lula o enganou ou se tinha razão ao considerar-se e ao partido vítimas de uma “farsa”.

Em caso de vitória da acusação, estarão ambos em maus lençóis, embora talvez não em enrascada sem saída, dada a capacidade de articulação do PT, a consolidação de uma hegemonia que o partido soube construir em todos os setores e principalmente em face da ausência de contraditório de identificação popular equivalente.

Fonte: Estadão