A maior arma de um ministro da Fazenda é a palavra, maior até que a caneta. Cabe ao ministro traçar o cenário factível, organizar as expectativas, mostrar o futuro, principalmente em fases de transição, aquelas que exigem maior clareza no discurso.

A economia está em um desses períodos. Redução de taxas de juros, mudança (mesmo que insuficiente) na política de câmbio, pacotes de concessões, desoneração de investimentos, tudo isso delineia uma mudança de patamar da política econômica, com resultados positivos inevitáveis. A questão é o fator tempo, a defasagem entre as medidas e os resultados, o período de maturação no qual o discurso passa a ser cada vez mais relevante.

Há um conjunto de fatores conjunturais atrapalham a recuperação. A mudança do patamar do dólar acarretou prejuízos a grandes empresas, que serão compensados com os efeitos sobre a produção interna. Mas leva tempo. Do mesmo modo, há uma queda nos preços de commodities que adia investimentos.

O ministro Guido Mantega positivamente não tem o domínio do discurso. Pior: não tem a percepção correta sobre como atuar nas expectativas empresariais.(Carta Capital)