A aceleração da inflação em janeiro acima das expectativas do governo torna o cenário ainda mais difícil para novos reajustes da gasolina e do diesel ao longo deste ano, reduzindo as esperanças de um novo – e necessário – aumento dos combustíveis para o caixa da Petrobras, avaliam especialistas. O IBGE divulgou nesta quinta-feira alta de 0,86% no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em janeiro, a maior variação mensal em quase 8 anos.

“A janela de oportunidade para o reajuste dos combustíveis é a que se abriu com a queda nos preços de energia. Se mesmo com a redução nas tarifas o IPCA veio pressionado, é improvável um novo aumento da gasolina e do diesel”, disse Lucas Brendler, analista da corretora Geração Futura.

Para o analista, o temor do governo com a escalada da inflação é maior do que as preocupações com o caixa da Petrobras, que vem tendo prejuízo com a venda de combustíveis no país nos últimos dois anos, por importar a preços mais altos que os de revenda no mercado interno. O preço da gasolina foi reajustado em 6,6% na refinaria, em 30 de janeiro, enquanto o diesel subiu 5,4%.

Cálculos do Centro Brasileiro de Infraestrutura (Cbie), feitos nesta quinta-feira, mostram que a gasolina nas refinarias no Brasil é vendida com defasagem de 13,8% ante os preços dos Estados Unidos, e o diesel, de 21,7%, mesmo após os reajustes concedidos no fim de janeiro.

O governo estima uma alta menor para o consumidor, de cerca de 4 por cento para a gasolina na bomba. Para cada 1 por cento de alta no posto, o impacto da alta da gasolina no IPCA é de 0,03 ponto percentual, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE).

Segundo o IBGE, apenas um quarto da queda da tarifa de energia elétrica foi captada em janeiro. Em fevereiro, a contribuição da energia deve ser de menos 0,40 ponto percentual no IPCA. (Veja)