Por Pedro do Coutto

Depois da entrevista da assessora Maria Alice Setúbal, que anunciou pensamentos seus como diretrizes de Marina Silva, na edição de segunda-feira da Folha de São Paulo, em longas declarações à repórter Mariana Carneiro, foi a vez do assessor Eduardo Giannetti, que chegou a afirmar que, se vitoriosa nas urnas de outubro, a ex-senadora deseja ter os presidentes Lula e Fernando Henrique como aliados no seu governo. Giannetti acrescentou: eles poderiam colaborar. Se Sarney, Renan Calheiros e Fernando Collor vão para a oposição, com quem se governa e com quem se negocia? Ele mesmo responde pela candidata: com Lula e FHC.

Acentuou que o PSDB é um partido de muitos técnicos e poucas lideranças. O PT possui técnicos de excelente qualidade que trabalharam no primeiro governo de Lula. A gente, pluralizou, trazê-los. Nossa ideia , assinalou, é governar com os melhores na política (partidária) na gestão de políticas públicas.

Serão estas as diretrizes da candidata Marina Silva? – pergunto eu. Ou cabe aos assessores ou conselheiros econômicos fixar os princípios a serem adotados, sem discutir com a ex-senadora? Escrevo este artigo quando surgem as primeiras versões da pesquisa Ibope apontando Marina Silva bem à frente de Aécio Neves e superando Dilma Rousseff no primeiro turno. Talvez o fenômeno tenha sido a causa das críticas da presidente da república a Marina Silva, publicadas na edição do mesmo dia 25, matéria de Aguirre Talento. Na véspera, domingo, foi Aécio Neves que investiu contra Marina, em declarações a O Globo, como focalizei em artigo recente neste site.

Coincidência ou informação antecipada, o fato é que Marina Silva tornou-se alvo de ataques por parte de seus adversários. Sim. Porque as eleições presidenciais de outubro, a rigor, apresentam apenas três candidaturas viáveis: Dilma, Marina e Aécio. Dos três, projetado para 5 de outubro o panorama registrado hoje, dois vão para o turno final. Sobra um. Ou Aécio ou Marina, conforme revelam os levantamentos do Ibope e Datafolha. Os demais não estão no páreo.

QUESTÃO DE “AUTONOMIA”

Dito isso, voltando ao tema título do artigo, verifica-se que o que se discute na campanha da ex-ministra do Meio Ambiente não é somente a autonomia do Banco Central, mas sim a predominância da autonomia dos assessores econômicos, como Maria Alice Setúbal e agora Eduardo Giannetti deixaram evidente nas entrevistas publicadas pela Folha de São Paulo. Abordaram temas – incrível isso – que somente deveriam ser colocados e tornados públicos pela própria candidata. Não por conselheiros por mais confiança que inspirem a ela.

Isso porque, diante do palco da opinião pública, a sociedade deseja tomar conhecimento das plataformas através dos presidenciáveis, não por intermédio de integrantes de consultorias cuja tarefa é debater previamente as opiniões com a titular da candidatura, não com eventuais integrantes de uma equipe que venceu nas urnas.

Assessores e consultores não são capacitados para assumir compromissos de governo. Esta tarefa cabe exclusivamente a quem se lança para conquistar a maioria dos votos do eleitorado. Um caso insubstituível de comunicação direta.