Por Pedro do Coutto

No momento em que a Odebrecht admite a hipótese de devolver 6 bilhões de reais aos cofres públicos e, ao mesmo tempo, Emílio Odebrecht, presidente do Conselho de Administração da empresa anuncia um documento que classifica com os 10 mandamentos para combater a corrupção e os desvios da empresa – reportagem de Mário César Carvalho, edição de sábado da Folha de São Paulo –  é que se pode começar a se ter uma ideia do verdadeiro peso do processo de corrupção na derrubada da economia nacional.

É só comparar 6 bilhões de reais com o volume de recursos adicionais que o governo Michel Temer prevê em 9,5 bilhões com aumento de impostos a partir de 2017, conforme reportagem de Machado da Costa e Mariana Haubert, na mesma edição do jornal.

Parece incrível o resultado de tal comparação, mas passa a refletir a dimensão do que representam os roubos praticados ao longo, pelo menos dos últimos treze anos.

EMPREITEIRAS – O faturamento anual da Odebrecht é calculado em 132 bilhões de reais, porém não é só ela, embora sendo a maior que se destaca entre outras grandes empresas, como Andrade Gutierrez, OAS, Mendes Junior, Camargo Correa, Carioca Engenharia, UTC para ficarmos apenas nestas, embora pudéssemos incluir no elenco a Delta acusada de superfaturar as obras do Maracanã.

A reforma da Previdência pela qual se empenha o governo está longe de representar uma economia igual ao volume gerado para alguns pela corrupção, que atinge a todos, e assinala sua presença indireta na caótica situação financeira do Brasil, por sua vez vinculada ao índice de desemprego que atinge 11% da mão de obra efetiva brasileira.

CORTE DE GASTOS – A limitação de gastos públicos anuais compatível com a taxa inflacionária registrada no exercício sempre anterior representa sem dúvida uma medida bastante lógica, a começar deste ano, para repor o índice inflacionário de 10,6% registrado em 2015 pelo IBGE. O que não possui a menos lógica é o fato de a corrupção ter se tornado um sistema de operação, cujos índices a cada 12 meses superam de várias vezes os aumentos de custo de vida. Daí decorre, além do roubo quase generalizado, um processo extremamente negativo que é o da cada vez maior concentração de renda.

Sobretudo porque os organismos categorizados internacionais, como é o caso do BIRD (Banco Mundial), condenam a concentração de renda por representar ela um freio ao índice de desenvolvimento social dos países considerados emergentes, entre os quais se alinha o Brasil.

EFEITO ARRASADOR – A corrupção, comprovada pela devolução de recursos possui um efeito arrasador muito maior do que aquele que se podia supor.

Inclusive, multiplicando-se a TCA pelo número de anos em que ela se agigantou vamos verificara que ela retirou do mapa da economia brasileira algo em torno de 20% do PIB.

Neste caso estamos falando de um valor em torno de 1 trilhão e 400 bilhões de reais, já que o PIB , nela incluída a corrupção, alcança uma escala de 5 trilhões e 600 bilhões. Por aí se vê que 20% da economia brasileira evaporaram-se e foram transportados em flocos de nuvens,  cujo destino o vento levou para contas em bancos internacionais.