Em entrevista a Época, Aloizio Mercadante defendeu que PT atue de forma “generosa, parceira e sem disputa” com quem quiser lutar pela democracia durante o governo de Jair Bolsonaro.

Questionado se o partido errou ao não fazer um “mea culpa” durante a campanha presidencial, o fundador do partido e ex-ministro do governo Dilma Rousseff (Casa Civil e Educação) disse não achar “que a coisa de se autoflagelar” resolve. “O que resolve é mudar as práticas, renovar-se e estar em sintonia com a sociedade.”

Como o PT deve se posicionar agora que voltou à oposição?

Se olharmos o histórico de pouco trabalho que Jair Bolsonaro fez na vida pública e o muito que ele fala, nossa tarefa hoje é a defesa da democracia. Precisamos construir uma ampla frente democrática com a sociedade civil incluindo entidades, personalidades, artistas, intelectuais, centros acadêmicos. Os partidos políticos têm que participar, mas não controlá-la. A ideia é criar comitês de defesas da democracia que unam essa diversidade e permitam discussões. Quando mais organizada estiver a sociedade, menos espaço haverá para a volta do autoritarismo, para o avanço do estado de exceção seletivo.

O PT errou em não fazer um “mea culpa” na campanha?

É evidente que para construir um país como o Brasil muitos erros foram cometidos ao longo dos mais de 13 anos de governo. Acho que o maior problema que enfrentamos foi não ter conseguido fazer uma reforma política nesse tempo. Mas não acho que a coisa de se autoflagelar resolve. O que resolve é mudar as práticas, renovar-se e estar em sintonia com a sociedade. O PT tem que entender o momento histórico atual e colocar os interesses partidários a serviço de uma frente democrática. Se estiver na linha de frente dessas lutas de forma generosa, parceira, solidária, sem querer disputar, e dar espaço para que todos interessados estejam presentes, ele vai se fortalecer muito.