Por Pedro do Coutto

Pesquisa do Datafolha concluída nesta semana, publicada nas edições de ontem da Folha de S. Paulo, reportagem de Igor Gielow, e de O Globo, de Bernardo Mello, revela que o ex-presidente Lula da Silva mantém-se à frente com 43% das intenções de voto contra 26% do presidente Jair Bolsonaro.

Bolsonaro melhorou e avançou cinco pontos em relação ao resultado da pesquisa feita em dezembro. A rejeição ao seu nome também recuou de 53 pontos para 46 pontos. Se as eleições fossem hoje ou amanhã haveria segundo turno entre Lula e Bolsonaro, uma vez que o levantamento não revela que Lula se encontra perto de uma vitória no primeiro turno.

REFLEXOS – A pesquisa do Datafolha foi também divulgada na noite de quinta-feira pela GloboNews e pelo JN da TV Globo. Portanto, concluída na semana que termina, ela certamente não registrou reflexos em relação ao escândalo do Ministério da Educação envolvendo o ministro Milton Ribeiro e também não alcançou efeitos possíveis sobre o aumento da gasolina, do diesel e do gás de cozinha.

O presidente Jair Bolsonaro resolveu, a meu ver, numa temeridade política, defender o ministro Milton Ribeiro dizendo até que colocaria o rosto no fogo e que a atuação do titular da pasta está absolutamente correta. Deixou no ar assim uma perspectiva de que Milton Ribeiro não se afastou da verdade quando disse que as partes Arilton Moura e Gilmar Santos estavam mantendo contatos com prefeitos por orientação do presidente da República.

Mas as reações a Milton Ribeiro e aos respectivos pastores é muito grande, partindo inclusive da própria bancada evangélica do Congresso e de setores do Centrão que certamente pretendem que o ministro seja substituído por um nome que apresente menor risco de perda de votos e que possa representá -los mais diretamente. A ministra Cármen Lúcia autorizou a abertura de inquérito contra Ribeiro. Uma corrente do bolsonarismo considera que a manutenção do ministro acarretará perda de votos nas urnas de outubro.

TERCEIRA VIA – De outro lado, a pesquisa do Datafolha ao apontar 8% para Sergio Moro, 6% para Ciro Gomes, 2% para João Doria e 1% para Simone Tebet, esclarece que nenhum dos quatro candidatos apresenta possibilidade de chegar ao segundo turno das eleições neste ano. A terceira via, mais uma vez, transforma-se em uma ilusão, um sonho numa noite de Verão. No caso de João Doria, seu índice de apenas 2% surpreende, pois afinal de contas ele é o governador de São Paulo, maior colégio eleitoral do país. Ele terá que rever a sua posição, pois para chegar às urnas precisa renunciar ao governo estadual.

É importante fazer uma análise à base do deslocamento de votos dos candidatos mais fracos pelos dois candidatos que estão à frente no Datafolha. As candidaturas de Sergio Moro, Ciro Gomes, André Janones, João Doria e Simone Tebet, além de outros com índices insignificantes, somam praticamente 20 a 21 pontos. Como no segundo turno, de acordo com que revela o Datafolha, Lula sobe de 43% para 55%, e Bolsonaro avança de 26% para 34%, verifica-se que destes 21%, talvez 22%, 12% deslocam-se para Lula da Silva e 8% para Jair Bolsonaro. Esse é um ato muito importante que a pesquisa revela.

INTERESSE PELAS ELEIÇÕES – Além desse aspecto, vale assinalar que o interesse sobre as eleições deste ano está muito alto. Pois, também o Datafolha revelou que 6% dos eleitores e eleitoras dispõem-se a anular votos e 2% não souberam responder a respeito de sua escolha. Vamos considerar que só 8% estão distantes do processo eleitoral. Vale considerar que somente agora, a partir de quinta-feira, entrou no ar a propaganda do PT sobre o preço dos combustíveis focando no fato de que não é possível a gasolina, o diesel e o gás de cozinha subirem em dólar quando a Petrobras é autossuficiente na produção, e a população brasileira recebe o seu salário em real.

Tendo apresentado na pesquisa do Datafolha apenas 1% das intenções de voto, a senadora Simone Tebet deve comunicar ao MDB que vai disputar a reeleição para o Senado por Mato Grosso do Sul. Ela se elegeu em 2014 e seu mandato termina exatamente agora em 2022. Será uma pena que ela não figure entre os integrantes do Congresso na nova etapa que começa a partir deste ano em consequência do julgamento das urnas do país.

PLANOS DE SAÚDE –  O STJ, reportagem de Pollyanna Brêtas, O Globo, decidiu que os planos de saúde coletivos podem reajustar as mensalidades por faixas etárias a partir de 60 anos de idade. Um absurdo. É preciso ver se o contrato dos planos previa essa modalidade. Em segundo lugar, 60 anos de idade é muito pouco para se considerar alguém como um idoso.

Portanto, será um aumento de grande reflexo na receita dos planos e uma taxação adicional que recai, acentua a matéria, sobre 7,4 milhões de segurados que têm acima de 59 anos. Ontem mesmo, sexta-feira, o IBGE anunciou a previsão de março na escala de 0,9%. Os preços continuam subindo e os salários congelados.