Foto: Sérgio Lima

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta 6ª feira que, apesar da aprovação do novo arcabouço fiscal pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva, o Brasil continua com gastos públicos acima da média em comparação com outros países da América Latina.

O chefe da autoridade monetária declarou que o corte de despesas sempre foi um desafio para todas as gestões que passaram pela presidência da República e que é preciso sondar novas estratégias para reduzir os valores.

“Mesmo com o arcabouço, o Brasil continua com um crescimento de gastos acima da média. (…) Quando a gente pega as despesas do Brasil, ela ainda está acima da média da América Latina. Mas cortar despesa no Brasil tem sido um exercício difícil em vários governos, precisamos ser honestos”, declarou Campos Neto durante o evento Spring Investment Meeting, promovido pela 1618 Investimentos, em São Paulo.

Ao propor soluções para esse cenário, Campos Neto disse que é preciso apostar no corte de despesas estruturais no governo e enfrentar a “receita engessada” que o Brasil tem.

“Temos 2 tipos de cortes possíveis nesses casos: o estrutural, que a gente faz e se perpetua, e o conjuntural, que você faz em um momento, mas depois ele [o gasto] volta. A questão é como cortar despesas estruturais, como em uma reforma administrativa. O problema é que temos uma receita muito engessada. Desvincular os gastos pode ser uma solução lá na frente”, declarou.

O presidente disse, ainda, que o objetivo do BC segue sendo o de “trazer a inflação para a meta com menor custo para a sociedade” e que continuará trabalhando com o governo para um equilíbrio fiscal. No entanto, Campos Neto voltou a declarar que é preciso repensar a política de crédito direcionado no país caso as autoridades queiram ver a taxa de juros continuar a cair.

“Se o Banco Central, quando sobe o juros, encara um pedaço enorme de crédito direcionado que não está sujeito ao aumento, ele tem um campo menor de atuação. (…) Isso significa que, para termos um efeito desejado, precisamos subir ainda mais os juros. Se a gente quiser dar crédito direcionado para tudo e todos, os juros vão ser mais caros”, afirmou.

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