Diante da onda de protestos que tomou o Egito nesta sexta-feira (28), o presidente americano Barack Obama fez um pronunciamento público reafirmando o direito à liberdade da população egípcia, além de apelar para que o governo retome os serviços de internet e telefonia no país, interrompidos na tarde de hoje.

Entenda a crise no Egito

Sem fazer alusão a uma possível renúncia do presidente autoritário Hosni Mubarack , Obama diz que trabalhará com o governo por mais abertura política e reformas econômicas e sociais. O líder americano pede ações concretas e critica a censura implantada no país.

– Reprimir ideias nunca conseguiu fazer com que elas fossem embora. […] Governos têm que se manter através de consensos.

Obama ainda fez um chamado aos manifestantes para que protestassem “pacificamente” para evitar mais mortes, como as cinco já relatadas, segundo as agências de notícias internacionais.

Mais cedo, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, disse estar “profundamente preocupada” com os confrontos entre manifestantes e a polícia, no Egito. A chefe da diplomacia dos Estados Unidos pediu às autoridades egípcias que “maneirem no uso da força”.

O país viveu o quarto dia de manifestações que pedem o fim do regime de Hosni Mubarak. Para tentar se manter no poder, ele anunciou a demissão do primeiro-ministro e disse que “absolutamente está do lado da liberdade do povo”. O líder egípcio, de 82 anos, afirmou também que não vai “permitir nada perigoso acontecer”.

O movimento é inspirado na Revolução de Jasmim, da Tunísia, que na última semana derrubou o governo do país vizinho.

Mesmo sendo um regime autoritário, o Egito é um dos principais aliados dos Estados Unidos e da Europa no mundo árabe. O principal temor do Ocidente é que o grupo fundamentalista Irmandade Muçulmana possa assumir o governo do país.

Além da Jordânia, o Egito é o único país árabe a reconhecer o Estado de Israel. Qualquer mudança brusca no regime de Mubarak pode tornar mais tensa a política já inflamada da região.

Os protestos contra o governo são inéditos no país e têm sido convocados pela internet, por meio do Facebook e do Twitter. A rede chegou a ser bloqueada nesta sexta-feira (28).

Mubarak, que tradicionalmente tem apoio das Forças Armadas, já vem sendo pressionado por reformas políticas há alguns anos. Ele chegou a convocar eleições, em 2011, para a Presidência. Para analistas, ele pretende passar o governo ao filho, Gamal Mubarak, de 47 anos.

Fonte: R7