Fernando Falcão (MA) e Amajari (RR) são antigos vilarejos afastados que, após mobilização política, se tornaram cidades há 16 anos. Hoje, próximos à maioridade, continuam quase tão pobres como quando nasceram.

Levantamento feito pela Folha com auxílio do IBGE mostra que a maioria dos 595 municípios brasileiros criados desde 1997 nasceu com baixa qualidade de vida e até hoje se mantém abaixo da média dos Estados.

E 570 dessas jovens cidades não evoluíram a ponto de superar o atual Índice de Desenvolvimento Humano de seus Estados -o IDH considera renda, escolaridade e expectativa de vida.

Às vésperas da sanção presidencial das regras para criação de municípios, líderes comunitários citam a distância até a sede como bandeira para a emancipação, enquanto críticos temem os gastos com mais prefeitos e vereadores.

O recorte analisou ainda a evolução as cidades de origem, e 569 não superaram o IDH estadual após perder área e população com o desmembramento.A emancipação, em muitos casos, não garantiu independência das origens. A ligação com a sede está impregnada na cultura local, como constatou a Folha ao contatar o prefeito de Amajari, Moacir Bezerra Mota (PR).

“Ele foi para a cidade”, respondeu a funcionária do gabinete. A “cidade” a que ela se refere é Boa Vista, de onde Amajari se separou.Em Fernando Falcão, a estrada de terra de cem quilômetros até a rodovia federal é o único meio para trazer médicos duas vezes na semana.

O estudo também achou poucos e bons exemplos, como Conquista d’Oeste (MT). Emancipada, tem índices maiores que a cidade-sede. (Folha de São Paulo/UOL)