O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e relator do mensalão, Joaquim Barbosa, defendeu ontem que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva seja investigado pelo Ministério Público. Outros ministros da Corte também pediram investigação. O ministro confirmou que teve acesso às 13 páginas do depoimento prestado pelo operador do esquema, o empresário Marcos Valério, com novas revelações sobre o mensalão.

No depoimento, Valério acusa o ex-presidente de receber recursos do esquema para pagar despesas pessoais, de ter dado o “ok” para a tomada de empréstimos bancários fraudulentos, que constituíram a fachada financeira que alimentou o esquema. O ministro afirmou que conhecia o depoimento de Valério.

“Tomei conhecimento oficioso, não oficial”, disse Barbosa. O ministro preferiu não fazer juízo de valor sobre a gravidade das denúncias feitas por Marcos Valério, mas afirmou que o Ministério Público deve abrir uma investigação sobre os fatos. Ao ser perguntado se o ex-presidente deveria ser investigado, foi sucinto: “Creio que sim”.

Valério prestou esse novo depoimento no dia 24 de setembro. Dias depois, a íntegra foi remetida para o Supremo. Mas Joaquim Barbosa, relator do processo do mensalão, devolveu o depoimento para o Ministério Público. De acordo com integrantes da Corte, Barbosa e o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, não quiseram misturar as novas declarações com o julgamento da ação penal do mensalão. Por isso, o depoimento não foi anexado ao processo.